terça-feira, 21 de abril de 2009

Diabo na novela

Recebi dia desses um e-mail falando sobre uma música chamada Simpatia com o Diabo (tradução do inglês), que estaria na novela Caminho das Índias. Verificando a informação, descobri que ela não procede. A Rede Globo divulgou um comunicado oficial sobre isso, mas confirmou que nas novelas Vamp e Celebridade, usou, sim, a tal música para trilha sonora das vilãs... A letra é direta e pesada, não vou pôr aqui que não interessa de momento. Quem quiser, pode achar em todos os lugares por aí. Meu ponto, porém, é acerca do nosso discernimento, talvez o dom espiritual mais necessário de todos nesse momento da história. Não ignoro o mal e os seus efeitos - mas tenho receio da mercantilização da fé que barateia tanto a graça de Deus como os efeitos do mal, do pecado e do diabo no mundo... E, de fato, nem essa mercantilização nem as novelas ajudam no processo.
Leia um livro de um bom autor, seja ele de cunho religioso ou não. Além de educar sua mente e alimentar sua cultura, não correrá o risco de ser influenciado sem saber (muito embora eu creia que Deus me proteje muito, porque eu não sei o que anda por aí e não posso viver atemorizada o tempo todo...). Ademais, a gente sabe tão pouco sobre o nosso próprio país e ainda aprende uma versão falsa de outro?

Pensando ainda sobre novelas...

Não gosto muito de filmes com essa temática, mas por acaso assisti a Constantine, com o carinha do filme Matrix - tem uma frase que é significativa. O personagem do Keanu Reeves (oh, lembrei o nome da figura!) pergunta para uma mulher se ela acredita no diabo. Ela responde que não - e ele retruca: "Que pena, ele acredita em você!".

Muita mercantilização e teatro têm sido feitos em nome da religião, acabando por descaracterizar a realidade que o mal existe e que os danos das trevas são reais. Discernimento nunca foi um dom tão necessário... Não sabemos sequer, de fato, como nosso próprio cérebro funciona ou como as coisas nos são transmitidas. Eu confio muito na proteção divina - creio no versículo que diz que os anjos do Senhor acampam-se ao redor dos que o temem e os livram. Tenho aprendido a não ter medo de examinar as coisas para ver se elas são de fato, assim. Não gosto de evitar o contato com as coisas por receio de que elas me atinjam, porque acredito que saber exatamente onde pisamos é um passo importante para vencer as batalhas da vida, quaisquer que sejam. Por isso, peço a Deus que me ajude na ignorância daquilo que não sei, mas, sempre que posso, sigo o conselho de Paulo a Timóteo e fujo de outras coisas...
Mas vale o alerta: Tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa, se alguma virtude existe, se algum louvor há, seja isso que ocupe o vosso pensamento e o Deus de paz estará convosco... Shalom!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Depois da tempestade

No mar escuro, com as ondas dando de todos os lados contra o pequeno barco, nada resta ao navegante senão continuar a remar. Não há tempo para pensar, ou sentir, ou respirar, ou desejar estar em outro lugar. Seus olhos estão fitos no horizonte que está diante dele. Não naquilo que deseja, mas naquilo a que pode se agarrar para sobreviver. Preces são murmuradas em meio às braçadas. A noite é longa, mas o sono está distante - não se pode cochilar sem pôr a alma em risco. Então, prossegue a vigília. Às vezes, o choro pode durar a noite inteira - mas pode fazer a noite durar inteira.
Mas, de repente, é dia. A praia pode ser vista ao longe. As remadas podem ser as últimas. Deitado na areia morna, quando o náufrago pensa que finalmente poderá sorrir, então é que vê: os dedos em frangalhos, as palmas das mãos em carne viva, os punhos inchados. A pele seca e rachada, os cabelos emaranhados, os braços e pernas em chagas, as felpas do remo entranhadas por todos os lados, a sola dos pés em brasa por se agarrar ao fundo do barco. Os olhos, vermelhos de sal e de lágrimas; a boca ressequida das preces intermináveis. Depois da tempestade, aí é que vem a dor de sentir-se traído pelo mar no qual sempre navegou se achando seguro. Depois da tempestade é que vem o medo de navegar outra vez. Depois do susto é que vem o tremor, o coração palpitante, a gagueira. Depois de tanto amor à vida é que vem a pergunta pela validade de tudo o que se fez...
Antes de mais nada, portanto, é preciso um banho, uma refeição, um sono reparador... um refrigério... Não é que o navegante não seja grato por ter sobrevivido - o que ele quer é entender a razão de tão repentina tempestade. Por que teve de ser assim? Perguntas sem respostas são as felpas mais profundas para se retirar. Mas ele pára mais uma vez diante do mar e sabe que tem uma escolha: se não se entregar de novo às ondas, jamais navegará novamente. Se não esquecer, talvez nada de novo aconteça. Sem coragem para um mergulho, às vezes ele molha o pé na onda que quebra na praia... Quem sabe um dia... ainda não...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pensamentos

O fim de toda a nossa exploração
será chegar ao ponto de partida
e conhecê-lo pela vez primeira (T.S. Elliot)

A verdade está sempre na forca e o erro sempre se assenta no trono (James Russell Lowell)

Quanto tempo? Não muito, porque mentira alguma dura para sempre. Quanto tempo? Não muito, porque ainda se colhe o que se planta.
Quanto tempo? Não muito, porque o braço da moral universal é longo, mas sempre se curva em direção à justiça.
Quanto tempo? Não muito, porque os meus olhos viram a glória do Senhor que virá... Sua verdade já está marchando... (Martin Luther King)

Um mistério: se as boas novas são verdadeiras, por que alguém não se agrada em ouvi-las? (Walker Percy)

Ame cada folha, cada raio de luz.
Ame os animais, ame as plantas, ame cada coisa.
Amando tudo, você perceberá o mistério de Deus em tudo. (Doitoevski)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

De braços abertos


De braços abertos...

Pregaram Jesus na cruz... Que dor, meu Deus!
Suas mãos e pés furados, o lado cortado...
A contradição da cruz: a dor, de braços abertos...

Jesus morreu de braços abertos,
Foi de braços abertos que ele pediu:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!
Mesmo sendo inocente, de braços abertos
Ofereceu perdão a quem o feria...

De braços abertos, é... de braços abertos,
Jesus morreu na cruz por todos nós...
Suas palavras ecoando esperança no coração da gente:
Hoje estarás comigo no Paraíso
Ele mesmo tão longe do Paraíso, pendurado na cruz,
Crê na vitória e a promete a quem se arrepende,
Como o ladrão...

De braços abertos, estendidos, doloridos,
Os braços que carregaram crianças,
Que abraçaram enfermos,
Que trabalharam com a madeira...
Braços abertos de Jesus na cruz:
Mulher, eis aí teu filho, ele disse.
Filho, eis aí tua mãe, repetiu.
Jesus, na morte, de braços abertos,
Preparou para que a Maria não faltasse
O braço que acolhesse e amparasse
Depois que ele morresse...
Como também hoje não quer que falte abrigo
À criança, ao jovem, ao adulto, ao ancião.
E sofre, vendo tanta gente sem teto sobre a cabeça,
Sem sorte, sem camisa, sem casa, sem chão.


Braços abertos, Jesus agoniza e chora
Que nem a gente, quando não entende a vida
E grita, como a gente tem vontade de gritar
E estender os braços pro céu e perguntar:
Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?
Braços abertos, pedindo forças, e o silêncio
Quando a gente não entende porque Deus parece longe...

Braços abertos, Jesus geme, geme o gemido que era nosso
E o gemido de muita gente que não tem como viver:
Tenho sede! A garganta seca debaixo do sol,
Como o lavrador do nordeste, o menino e a menina de rua,
Como o mendigo, o povo brasileiro diante do governo desleal
Que de braços abertos também diz: Tenho sede, tenho fome...
O mesmo Jesus que disse: “Se você pedisse, eu te daria
A água da vida”, sente sede na garganta do meu irmão!

Braços abertos, na cruz que era minha,
Geme Jesus o gemido meu e anuncia:
Está consumado! Nada mais será como antes,
Morrendo na cruz o filho de Deus,
Consuma o amor, o pecado, a morte
Consuma e completa o caminho pra Deus!
Seus braços abertos aguardam agora
Que a glória resplandeça e a treva pereça
Para os que são seus...

Braços abertos e a última prece
Ecoa da boca trêmula de Jesus:
Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito!
Braços abertos que confiam no Deus
Que parece distante na hora da dor
Mas que se achega e acolhe, recebe em si mesmo
De novo manifesta imensidão de amor!

Braços abertos de Jesus na cruz...
Tantos sentimentos na gente a imagem produz!
Ele abriu os braços para salvar o mundo,
Abraçar os povos, espalhar sua luz...
Que pena que tanta gente não entende...
Que tristeza que tanta gente recuse esse abraço de amor...
Abraço que não ficou na morte, mas do túmulo renasce!
É o Jesus que vive, que reina,
que ainda abre os braços pra todo e qualquer pecador!

(Escrito em 31/03/99. Este poema pode ser dramatizado da seguinte forma: Cada frase de Jesus é escrita em uma folha de papel. O local onde a dramatização ocorrerá deve estar escuro, sendo o desenho de uma cruz projetado na parede. Enquanto alguém declama o poema, diversas pessoas, pela ordem, colam as frases sobre o desenho projetado da cruz, segundo o traçado. Ao final, as luzes são acesas e todas as frases são lidas novamente. Pode-se então cantar algum cântico relacionado à crucificação, seguido de oração e apelo.)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pensamentos de Chesterton

O pior momento de um ateu é quando ele está realmente grato e não tem a quem agradecer...

É bem possível que Deus tenha o eterno apetite da infância, pois nós pecados e envelhecemos, e nosso Pai é mais jovem do que nós mesmos...

Vai morrendo mais um dia, durante o qual tive mãos, olhos, ouvidos e o vasto mundo ao meu redor. E amanhã é outro dia. Por que tenho direito a dois?

Reclamar de que só posso me casar uma vez é como reclamar que só nasci uma vez. Era incompatível com a tremenda excitação de quem me falava. Mostrava não só uma exagerada sensibilidade ao sexo, mas uma curiosa insensibilidade a ele (...). A poligamia é a falta de realização no sexo; é como um homem que quer comer uma pera, mas colhe cinco só pra se distrair...

Existem vários ângulos a partir dos quais alguém pode cair, mas somente um sobre o qual a pessoa pode permanecer de pé.

O que está errado com o mundo é que nós não perguntamos sobre o que está certo.

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...