segunda-feira, 30 de julho de 2012

Contando os dias

Salmo 90

Ano que vem faço 40 anos. Mulheres não gostam de dizer sua idade, mas este é um dia que, imagino, será especial. Meu amigo, Moisés Coppe , escreveu uma crônica acerca de seu aniversário de 40 anos, regada a poesia de Adélia Prado e desejos por comida. Li esses dias mesmo... e fiquei pensando em como vou me sentir. Eu me lembro de que, aos quinze anos, quando eu via alguém com sessenta, imaginava-o muito velho. Agora, o tempo se mostra tão relativo! Quando se tem quarenta, nos pegamos falando de alguém que morreu aos setenta: “Meu Deus, morreu tão novo...”
Basicamente, quarenta é a metade da expectativa média de vida que a maioria de nós tem. Meu amigo Moisés diz que achou cabelos brancos na cabeça – eu, esperta, estou ficando loira, como toda boa mulher... Cabelos brancos são sinais de sabedoria no povo da Bíblia. Para nós, pobres mortais do século XXI, a velhice representada pela brancura das cãs (para usar o texto bíblico) tem se tornado zona de desconforto, esquecimento e o que é pior – negação.
Estou querendo contar meus dias. Contar, como disse Rubem Alves, como aquela menina que come uma bacia de jabuticabas. As primeiras eu comi também bem rápido, porque tinha muito... afã de abundância que a gente tem. Agora que o tempo passa e ainda tenho de correr, quero sentir mais o sabor de cada jabuticaba. E que sabor! Estão chegando as conquistas, nem minhas... fruto da graça divina... Vejo minhas filhas crescendo, conquisto coisinhas aqui e ali, ainda tenho projetos e sonhos... mas sei que as jabuticabas estão mais perto do fim. É hora de comer mais devagar, sentir o sabor, observar a beleza do fruto. 
Concordo com Rubem Alves. Apesar da fé na ressurreição, morrer é uma coisa que dá pena. Agora começamos a pensar mais nisso e a vida parece tão boa que dá pena morrer... Queremos viver e ver coisas que ainda acontecerão. Conto minhas jabuticabas e vejo minha limitação. Preciso aproveitar mais este gosto de vida. Não sei onde estarei nem o que estarei fazendo no meu aniversário de 40 anos. Mas espero ter a oportunidade de chupar esta jabuticaba ao lado de gente que amo. Enquanto meu amigo come queijo com goiabada, eu chupo jabuticaba. Mas tenho certeza de que o sabor bom, o gosto da graça divina que nos abraçou pela vida toda e nos guardará na eternidade... sim, tenho certeza! O gosto bom é exatamente o mesmo!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A vocação e suas exigências


As exigências da vocação

Está claro para todas as pessoas que o chamado de Deus, seja em que área da vida for, coloca sempre exigências fortes para nossa caminhada, algumas vezes exigências definitivas, que mudam todo o curso da vida. Um dos exemplos mais contundentes talvez seja o do primeiro patriarca de Israel, Abraão.
Deus, quando chamou Abrão, também confiou-lhe uma missão. Qual é ela? Ser uma bênção! Mas, que tipo de vocação é essa? A vocação de Abrão era dar origem a um povo, mas não qualquer povo. Seu chamado era para dar aos seus descendentes a identidade de "povo escolhido de Deus"!
A missão de Abrão exigiu sacrifício
Abrão não era nenhum adolescente quando foi chamado por Deus. Setenta e cinco anos! Mas Abrão resolveu encarar o desafio que a missão confiada por Deus a ele exigiria. Para dar início a um novo povo, Abrão teve de abandonar sua antiga terra, cultura e tradição (Gênesis 12.1). Ele saiu do meio de sua casa, de sua parentela, para peregrinar pelo deserto em busca de uma nova terra (Gênesis 12.4).
Algumas vezes, a missão de Deus pode exigir de mim e de você que abramos mão de alguma coisa que seja importante em nome de um ideal. É sempre bom pensar e decidir conscientemente qual a herança que queremos para nós!
 A missão de Abrão exigiu fé
Deus propôs a Abrão uma alteração radical de planos. Sair de um lugar estável, de uma vida tranqüila ou, pelo menos, um pouco mais previsível, para viver como nômade, sem morada fixa (Hebreus 11.8-10). Esse desafio exige fé. E Abrão demonstra que pode cumprir esse quesito. Tanto que, mais tarde, ele passa a ser conhecido como "amigo de Deus" e "pai da fé ou dos filhos da fé" (Tiago 2.23; Gálatas 3.6-7; Romanos 4.3).
A fé, para ser forte, tem que ser trabalhada como se trabalham os músculos do corpo para adquirir um porte físico altivo e forte. Dia a dia, com exercícios bem observados, superando pequenos desafios, vamos fortalecendo nossa relação com Deus e seremos capazes de transpor as grandes montanhas que possam aparecer. Abraão também duvidou e vacilou algumas vezes, mas sua persistência, tentando outra vez, foi o que aumentou sua fé.
A missão de Abrão exigiu envolvimento de sua família
Para ter uma descendência reconhecida, no mínimo, Abrão precisaria de uma esposa. Sarai, a mulher, e Ló, o sobrinho, o acompanham nessa jornada (Gênesis 12.4-5). Muitas vezes, podemos nos sentir sozinhos ao seguir o caminho que nossa fé nos apresenta. Quando isso acontece, o desafio pode ficar insuportável e, então, podemos correr o risco de nossa missão fracassar porque nos sentimos impotentes diante das dificuldades. É preciso contar com o apoio da família, criar laços bem apertados tanto com os de casa, no sentido de parentesco, quanto com os da família cristã, da igreja (1 Pedro 4.10; Efésios 4.1-6).
Toda missão exige uma retaguarda, alguém para amparar, aconselhar, consolar, apoiar. É a garantia de que a missão não vai fracassar pelo esgotamento do agente! É por isso que pastores, pastoras e pessoas que vivem da missão, muitas vezes, criam uma rede de intercessores para dar-lhes suporte espiritual e emocional. Tudo fica mais fácil quando partilhamos o fardo com outros.
A missão de Abrão exigiu renúncia
Quando alguém muda de nome na Bíblia, isso indica um rompimento com as tradições e laços familiares. Os pais escolhiam o nome de seus filhos por conta de algum evento especial em torno de sua concepção ou nascimento. Por exemplo, lembra-se como foi a escolha do nome de Moisés (o "tirado das águas"), ou mesmo de Isaque ("risada")? Mudar de nome é abrir mão dessa história de vida e começar um novo tempo. Veja Atos 13.9 — Saulo, ao iniciar seu ministério oficial como pregador do evangelho, adota um novo nome; Gênesis 32.28 — Jacó muda de "trapaceiro" (Jacó) para "príncipe" (Israel), entre outros.
Outra coisa: quem nomeia exerce poder sobre quem é nomeado. Isto é, quando Deus muda o nome de Abrão para Abraão e de Sarai para Sara, Deus está dizendo: "Agora vocês são meus. Não têm herança com mais ninguém e não dependem de mais ninguém. Só de mim!" Abraão não poderia mais voltar para sua antiga vida. Agora, ele, de fato, era de Deus.
Também fazemos esse tipo de compromisso com Deus quando somos batizados ou fazemos nossa profissão de fé. Estamos dizendo a Ele que nossa vida agora tem um novo dono. Ao receber o batismo, pela fé em Jesus, recebemos o nome de "cristãos". Ao fazer a profissão de fé, além do compromisso com Jesus, adotamos os valores de uma denominação, dentro da qual exerceremos a missão. Podemos dizer que o batismo traz em si a vocação cristã por excelência, que é sermos separados (santos) para o serviço de Deus. As vocações seguintes são ministérios ou atuações que assumimos como formas mais práticas e vivenciais de cumprir a vocação principal.
As exigências feitas a Abraão permanecem as mesmas para os cristãos de hoje em dia, principalmente num mundo e numa cultura que somos convidados ao sincretismo religioso, à acomodação da fé a discursos e falas vazias. Ainda há que se esperar que aquele que serve a Deus saia de sua zona de conforto e encare, realmente, o ônus da vocação, custe o que custar!

Uma letra de canção antiga, ainda sem melodia...


“Então, disse-lhe (Moisés a Deus): Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.” (Gn 33.15)

Eu não quero ir sem ti
Não me faças ir sem ti
A nenhum lugar!
No oásis ou deserto
Sem tua presença perto
Não posso continuar

Só tua presença pode garantir a plena segurança
Só sob tuas asas eu encontro toda a minha confiança!

Eu não quero ir sem ti
Eu não posso ir sem ti
Eu não sou nada sem ti
Eu te preciso!
Só tu és o meu Deus!
Eu te preciso
Só tu és salvador!

Vem estar comigo, ó Deus
A cada passo meu!

terça-feira, 3 de julho de 2012

Espinho na carne...

"E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2 Coríntios 12.7-9). A graça que se aperfeiçoa na fraqueza é um dos maiores paradoxos da fé cristã. Eu gostaria que a dor mais profunda da minha alma fosse vencida uma vez para sempre. Mas de vez em quando ela se torna mais aguda. Tenho vivido com essa luta toda a minha vida. Às vezes me revolto, às vezes não entendo... mas a maioria das vezes, lá na frente, vou me deparar com alguém vivendo coisas semelhantes e aí eu entendo: sou capaz de entender de verdade, porque já vivi aquilo. E tendo passado uma vez mais, sou capaz de encorajar e dar esperança. Deus não me quer sofrendo, mas o meu sofrimento é que me faz mais gente. Enquanto estivermos aqui, precisamos uns dos outros. Não podemos, nem por um minuto, achar que somos melhores, mais protegidos ou mais importantes que qualquer outra pessoa...

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...