terça-feira, 27 de agosto de 2013

Gente boa da minha vida

Estava eu conversando hoje com um colega pastor e de repente o assunto envolveu certas pessoas que me impressionam, pelas mais diferentes razões, em alguns momentos da minha vida. Foi engraçado pra mim ver a lista envolver pessoas tão distintas como o Moisés Coppe, com sua veia criativa e seu gosto pelas letras e o Western Clay Peixoto, com seu discurso justaposto à prática. Às vezes bem radical, mas sempre honesto e justo! Eu o admiro tanto que o convidei para ser o pastor do meu casamento, há 15 anos. Com ele muito aprendi, mais fora da sala do que dentro, até. Pessoas que me impressionaram com sua clareza argumentativa e conhecimento histórico, seu compitoromisso com as causas sociais, como o Adahyr Cruz e outras por sua calma e "pastoralidade", como o Olívio, da Carolina Menezes. Eles foram algumas das pessoas com quem convivi nos meus primeiros anos de estudos teológicos e com eles eu celebro, de fato, todos os professores, como o Clemir de Oliveira, Vasny Andrade e outros... Quando paro pra pensar, vejo que muita gente interessante, diferente e discordante me ensinou demais! Amo a variedade dos estilos. Sempre disse o quanto admirava a Rosangela Donato por sua paixão e vida de oração quando convivemos no Espírito Santo como colegas, ao lado de tantos outros igualmente admiráveis... E os novos pastores e pastoras? Escuto algumas de suas histórias e tenho vontade de conviver mais com eles e elas, pois dentre eles há diversos cujo frescor ministerial e cujo amor por Cristo são igualmente inspiradores quanto a experiência dos colegas mais "velhos de guerra". Nesses dias venho sendo tomada de certa nostalgia, de uma vontade de reconhecimento. Vejo tanta gente reclamando de tudo e acho mesmo que há muito o que reclamar mesmo, mas isso também tira da gente a capacidade da contemplação, a qual me é muito preciosa. Eu gosto de contemplar uma aula de teologia bem dada, como as do Paulo Roberto Garcia, ou uma discussão sobre uma lição de Escola Dominical ou de um livro com a Renilda Martins Garcia. Uma horinha conversando sobre o trabalho com as crianças com a Rute Noemi Souza, a Rosete Andrade, a Delma Paradela e toda aquela galera, rindo com a d. Phyllis Reily, meu Deus, que riqueza... até CD a gente fez... Meu Deus, que riqueza, repito, de gente boa que cruzou minha estrada. Bispo Nelson e seus escritos, CDs e mensagens, em meio aos quais tecemos uma amizade que já dura um tempo bom.
Todos os meus colegas de distrito, homens e mulheres de Deus em meio aos embates e desafios da caminhada... Colegas de trabalho, amigos, líderes... ando precisando declarar o quanto essa gente toda, que nem dá pra nomear a todos, significa pra mim. Cada um, em cada momento específico, me ensinou alguma coisa sobre Deus. Eu sigo sonhando com  esse lugar, esse espaço, esse ministério no qual todos nós possamos encontrar o espaço de respeito à toda essa diversidade. De muitos já discordei profundamente e amo na mesma intensidade. De outros tenho as mais delicadas lembranças. Alguns poucos conhecem bem fundo meu coração e também comigo têm seguros seus segredos... Alguns me acolheram em suas casas por longo tempo, meus guardiões, como o Moisés e a Bete, o Marlos e a Deire. Outros sem número eu acolhi. Gostaria que pudéssemos todos ter nosso lugar ao sol e à sombra, sem partidarismos igrejeiros que a ninguém edificam. Se as pessoas ao menos nos conhecessem realmente, por detrás dos títulos e obrigações, talvez descobrissem que somos gente bem legal, que ama e sofre pelo que faz, que anseia um mundo melhor, só que às vezes por estratégias diferentes... E justamente por isso poderíamos pregar um evangelho muito mais integral. Sinto falta de muitas dessas pessoas, pois a distância, o tempo e outras coisitas mais nos afastaram um pouco. Mas quero lhes dizer, a todos vocês, meus colegas, que os respeito pelas mais diversas razões. E que, se por acaso num concílio desses a gente discordar, é porque pensamos diferente, mas isso não quer dizer que não pensemos concordemente. Hoje eu vi isso, quando parei um pouco pra pensar... imagino se tivesse mais tempo... Desculpem, ando nostálgica, como disse. E ando ansiosa por, em toda essa sequidão ao nosso redor, semear um pouco de reconhecimento e gratidão.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Pare à sombra

Você se esforça, corre, se dedica, ama. Dizem-lhe para não esperar recompensas, mas, em sua humanidade, você almeja algum pequeno lugar de reconhecimento. 
Você cria laços, expectativas, abre seu coração, decide aprofundar suas raízes. E, de repente, se decepciona. Dizem-lhe que isso é do processo, mas você chora, porque a utopia é uma coisa difícil de se abrir mão. 
Você não se conforma com a realidade, um mundo novo é possível. Você resiste, persiste, insiste, investe. De vez em quando, você se cansa. Quer desanimar. 
Nessas horas, é preciso uma palmeira de Débora, uma árvore de Natanael, uma sombra do Altíssimo. O jeito é parar mesmo, lembrar do que te motivava na primeira vez. Resgatar aquele cheiro de novidade, aquela vontade de entrega, aquele desejo de amar. Aquele lugar misterioso em Deus, onde as coisas encontram sua verdadeira razão de ser. 
Aquele que vê em secreto é o único que pode te recompensar. Ele cura suas feridas de alma, ele lhe faz redescobrir seu valor, ele te aconchega. Então, mesmo que esteja sendo difícil, não reclame. Isso é para os que não estão fazendo nada e, por isso, olham para todos os lados e veem defeitos em cada detalhe. Quem tem foco talvez não consiga ver tudo, mas a clareza para o que é importante nesse momento, do passo decisivo rumo ao alvo, não lhe falta. 
Persista.
Silencie. 
De vez em quando, sem culpa, pare. 
Respire fundo. 
Siga acreditando. 
Volte a ser criança. 
Aninhe-se nos braços do Pai que abraça com delicadeza de Mãe, que ouve com ouvidos de Amigo e tem o poder de Senhor. Não procure grandes coisas, nem grandes reconhecimentos. Se eles vierem, não valerão mesmo a pena. Quem os ganha em geral são os bajuladores, os vira-casaca, os descomprometidos, os autossuficientes.
No Reino, tudo o que vale a pena é pequeno, quase invisível aos olhos. No Reino, são sementes, passarinhos, ovelhas. Às vezes pregos, espinhos, quase sempre cruz, mas também ressurreição, esperança, canto e dança. Agora durma, descanse. Ele está vigilante, ele não cochila. E quando acordar, aceite o alimento dele. Ainda há quarenta dias de deserto para andar, mas ainda resta um repouso. É a dialética do Reino. Nada ter e possuir tudo. Entre o inviável, o inacreditável e o impossível. Na tensão do cabo de guerra todos os dias. 
Por isso mesmo, não se apresse demais, não perca o rumo. Se hoje for preciso, apenas pare, pare à sombra. E espere um pouco mais.

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...