quarta-feira, 12 de março de 2008

Esta foi a ministração que fizemos na abertura do Acampamento de Carnaval 2008

Como é o chamado de Deus a mim e a você? Como percebê-lo? O que o define?
Deus chama para o relacionamento
O primeiro chamado de Deus na vida de um ser humano não é para uma missão, nem para uma vocação pastoral, nem para um ministério da Igreja. O primeiro chamado de Deus é para a comunhão, para o relacionamento.
Na vida, somos chamados de muitas formas. As pessoas nos identificam pelo número de nosso CPF, pelo RG, pelo número do PIS, pela ordem que ocupamos numa fila ou pelos parentescos que temos: a Maria do João, a Cidinha que é filha do Manoel... Deus não tem números para saber quem somos. Ele também não precisa de referências para nos identificar. Ele nos chama pelo nome e nos conhece. Ele sabe cada detalhe de nossa vida, quantas sardas temos no rosto, o grau de encravamento da nossa unha do pé!
Deus sabe de tudo isso porque ele quer se relacionar conosco e nos chama a ter um relacionamento com ele. Relacionamentos se baseiam em conhecimento. Deus conhece você e quer se relacionar com você. Não se esqueça, porém, de algo muito importante: “Não fomos nós que escolhemos o Senhor – ele é que nos escolheu”. A iniciativa é dele, o crédito é dele, mas os méritos, as graças e a bênção desse relacionamento são nossos! Existe um desafio diante de nós, que é de conhecer o Senhor – conheçamos e prossigamos em conhecê-lo! E quanto mais você conhecer a Deus, também desejará estar em relacionamento com ele.
Em Gênesis 3.8, o texto diz que Deus “passeava” pelo jardim e procurava por Adão e Eva. Não era uma visita profissional, ou de obrigação. Era um “passeio”, um encontro descontraído e leve, uma amizade de fim de tarde. Quando você pensa em sua relação com Deus, como ela é: uma obrigação ou uma amizade? Porque jamais poderemos servir a Deus plenamente se o fazemos por um peso. Só nos entregamos de verdade às quais pelas quais temos amor genuíno! Deus quer “passear conosco” no jardim da nossa vida, curtir o prazer de um relacionamento em profundidade sem o peso de ter de fazer algo em troca. Daí a grande decepção do Senhor quando Adão lhe responde que ouviu sua voz no jardim e “se escondeu”, porque ficou “com vergonha” do Senhor. Nada pior do que almejar um relacionamento com alguém e descobrir que a pessoa está fugindo de nós, por qualquer razão que seja!
Em Provérbios 23.26 há um versículo frequentemente atribuído aos lábios do Senhor, a fonte da sabedoria: “Filho meu, dá-me o teu coração”. Duas lições importantes sobre o tipo de chamado que Deus faz a nós hoje podem ser tirados deste texto: primeiro, Deus chama pessoas para fazerem parte de sua família – “filho meu”. Deus não tem agregados, ou vizinhos, ou conhecidos, nem admiradores. Deus tem servos, tem amigos – e esses mesmos ele chama de filhos. Deus está sempre elevando o nível do seu relacionamento conosco. Se nós nos colocamos como servos, em humildade e obediência, ele afirma, em Cristo Jesus: Não chamo vocês de servos, mas de amigos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz e eu tenho contato para vocês o que vou fazer (João 15.15). Isso combina com a profecia bíblica: “Deus não faz nada sem que primeiro revele seus segredos a seus servos, os profetas” (Amós 3.7) e com os salmos: “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25.14)
Em João 2, diz que Jesus e seus discípulos foram convidados para um casamento. Jesus não estava ali porque estava planejando uma grande aparição nem o milagre que, por uma necessidade, veio a realizar. Max Lucado escreve uma interessante crônica sobre esse texto e destaca: Jesus estava ali para participar da festa! Sim, para rir, se divertir, brincar, saudar os noivos, comer e beber coisas de festa (humm, delícia!). Jesus estava ali para partilhar um momento feliz com pessoas amigas, que o tinham em consideração e o convidaram. Quando momentos bons acontecem em sua vida, como é que você permite ao Senhor participar deles? Com agradecimentos formais, com orações rápidas, ou com alegria? Com satisfação, com festa? Como é que você se relaciona com Jesus? Só na formalidade do culto? Jesus participa de seus momentos de lazer, de descontração, de realizar coisas que lhe são prazerosas?
Em Tiago 2.23 diz que Abraão foi chamado amigo de Deus. Uma pessoa “religiosa” não é amiga de Deus. Um “freqüentador de cultos” não é amigo de Deus. Um “pedidor de orações” não é amigo de Deus. Esse tipo de relacionamento é formal, superficial e utilitário demais para Deus. Ele não quer isso de nós. Viver a piedade da vida cristã, estar na vida da Igreja e solicitar a intercessão dos irmãos são apenas uma parte de algo maior. Deus quer amizade – isso pressupõe estar juntos, partilhar idéias e ideais, traçar planos em comum, fazer parte da vida um do outro. Deus está chamando você, nesses dias de retiro espiritual, para desenvolver uma amizade. Para que ele lhe mostre quem ele é e para que você possa abandonar qualquer superficialidade que ainda tenha para com o Senhor.
Deus chama a cada um...
... Pelo nome
Você pode até não gostar do seu nome, mas Deus gosta, porque assim ele pode chamar você de um jeito único! Pode haver 100 Marias ou 1000 Joões neste mundo, mas quando Deus chama esta Maria ou aquele João, este nome é único na boca de Deus! Este nome tem significado, rosto, jeito de ser! O nome das pessoas é tão importante para Deus que veja só o quanto a Bíblia fala sobre nossos nomes em relação ao Senhor:
Para Abraão, Deus disse: “De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome” (Gênesis 12.2).
A respeito de uma pessoa para trabalhar no seu tabernáculo, Deus disse: “Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Ex 31.2).
A Moisés, Deus disse: “Farei também isto que disseste; porque achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome” (Ex 33.17).
E a Davi, o Senhor declarou: “E fui contigo, por onde quer que andaste, eliminei os teus inimigos diante de ti e fiz grande o teu nome, como só os grandes têm na terra” (2 Sm 7.9).
Jesus, quando conviveu com seus discípulos, chegou a colocar apelidos neles, conforme características que percebeu! Isso não é sinal de intimidade? Foi assim que Tiago e João viraram os “filhos do trovão” (Marcos 3.7) e Simão virou Pedro (Lucas 6.14).
Em Filipenses 4.3, está dito que os nomes dos salvos estão no livro da vida. Que coisa maravilhosa que o Senhor tenha escrito nossos nomes em seu memorial. Deus faz isso para nos mostrar que se importa particularmente conosco. Não somos nomes perdidos numa lista, fomos escritos, um a um, com amor!
Por causa dessa individualidade, desse relacionamento pessoal que ele almeja ter conosco, por causa do respeito e do amor que ele tem pelo nosso nome e por aquilo que somos, também o Senhor nos chama a ter o nome dele em alta conta. A viver de modo a honrar, exaltar e engrandecer esse nome, que, afinal de contas, é aquele que está acima de todos os nomes.
Quando Deus chamou Moisés, falou a ele: “Pelo nome de Iahweh, que é meu nome pessoal, eu não fui conhecido pelo povo” (Ex 6.3). Quando Deus falou isso, ele estava dizendo que não queria ser tratado de forma genérica dali para a frente. Da mesma forma como ele estava levantando um povo para si, ele queria que esse povo tivesse um nome especial, de intimidade, de conhecimento, com o qual invocar seu Deus libertador. Por isso, Deus revelou seu nome e sua essência: “Eu sou o que sou” – Iahweh! Assim, muita reverência é requerida de nós em relação ao nome santo do Senhor – “não tomá-lo em vão”, do mesmo jeito que não gostamos que nosso nome seja desprezado ou inferiorizado...

... individualmente
A salvação é individual. Cada um de nós deve ter uma experiência pessoal com o Senhor, com o fim de alcançar a salvação. Deus só salva as pessoas a quem ele conhece – e esse conhecer não é esse de conhecer o dono da vendinha da esquina, nem a filha do primo do vizinho do avô. A gente usa em português uma expressão engraçada para este tipo de relacionamento: “Fulano é um conhecido” – a gente sabe quem é, mas não tem intimidade com ele. Ou o que é mais absurdo, se a gente parar para pensar: “Conheço de vista” – apenas de ver não é possível conhecer, já declarou Jó (Jó 42).
O Senhor nos conhece: o sentar, o levantar, o deitar, o sair, o entrar e até nossa rebeldia contra ele (Isaías 37.28). Ele conhece os nossos pensamentos (Ezequiel 11.5). Jesus também declarou que somos suas ovelhas e que ele nos conhece (João 10). Jesus não troca os nossos nomes, não confunde nossas personalidades. Ele não se engana a nosso respeito. E mesmo nos conhecendo assim, tão profundamente, ele continua a nos amar... Quando o acolhemos em nossa vida, então não somos “conhecidos”, nem ele sabe “de vista” quem somos. Ele declara a nós, como fez às igrejas do Apocalipe: “Conheço as tuas obras e sei do que tu precisas realmente”! Que segurança poder servir a um Deus que nos acolhe em nossa particularidade, que leva em consideração quem somos!
É fato que somos chamados a servir a “um só Senhor, num só batismo, numa só fé e num só Espírito” (1 Coríntios 12). Mas, no versículo 11 deste capítulo há uma pérola de grande valor: o Espírito distribui os dons, como lhe apraz, individualmente! Quer dizer que ele olha para mim e para você e, conhecendo-nos, não concede seus dons por atacado, mas valoriza o que há de especial em mim e em você! Ele concede os dons a cada pessoa, de modo pessoal, individual, único!
Por isso o serviço que você presta ao Senhor se torna tão especial, pois Deus lhe concedeu um dom justamente porque só você pode fazer do jeito que você faz. É por isso que recusarmo-nos ao serviço do Senhor constitui tão grande ofensa ao coração amoroso do nosso Deus, pois ele preparou esse lugar para nós na missão, justamente porque ele se dispõe a depositar confiança em nós – sim, é isso que Deus faz – se dispõe a confiar em nós – quando dispensa sobre nós sua unção, sua graça e seu precioso Espírito Santo!
Por isso, neste retiro de carnaval, escutemos o chamado do Senhor – que é pessoal, que é de amor, que é para um relacionamento. E, escutando, possamos responder a ele. Como veremos na próxima ministração, Se Deus chama, da nossa parte ele espera a resposta!

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