sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

RAZÕES POR QUE NÃO GOSTO DA CRUZ


Dia desses, recebi um e-mail de uma pastora amiga, contando um episódio em que uma pessoa manifestava seu desafeto em relação à cruz, abominando-a como símbolo do Cristianismo. Em diversos altares de Igrejas, já se vê retratos de pastores e bispos, ou grandes propagandas das últimas campanhas, mas a cruz não está mais lá. Pasmados, alguns descobrem que existem cristãos que, de fato, não gostam da cruz. Eu também não gosto... Quem gostaria? E passo a explicar o porquê em razões sucintas, com fonte bíblica, para justificar meu desgosto.
1. Eu não gosto da cruz porque ela me mostra o custo do meu pecado. Sim, de fato, “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). No mundo de hoje, ninguém mais gosta de ser chamado de pecador. Quero falar da ressurreição, mas bem que eu queria ignorar que, para acontecer tal vitória, houve antes um terrível preço...
2. Eu não gosto da cruz porque ela me exige compromisso: Gosto de ir e vir à igreja, mas é muito difícil assumir os votos feitos como membro da Igreja e, muito mais, os votos requeridos para ser um verdadeiro cristão (isso vai muito além dos deveres exigidos pela Igreja!). Estremeço só de pensar que Jesus disse: “E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim” (Mt 10.38).
3. Eu não gosto da cruz porque ela me exige renúncia: Eu quero ser abençoado, ser feliz e ser cheio de dons e de poder. Essa idéia de esvaziar de si mesmo é muito contrária ao atual ‘mercado da fé’, que me diz que eu sou filho do ‘dono do ouro e da prata’. Esquecem alguns que nem sempre a gente herda o que é do pai somente por ser filho... É doído aos ouvidos o discurso severo de Jesus: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me”. (Mc 8.34)
4. Eu não gosto da cruz porque ela requer minha separação do mundo: Todos os prazeres terrenos que sou incentivado a buscar todos os dias por meio das tentações e visões deste mundo são totalmente contrários ao espírito de renúncia da cruz! Não há meio-termo possível: “por meio dela o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6.14).
5. Eu não gosto da cruz porque ela indica que sofrerei perseguições: Ninguém gosta de sofrer, é ou não é? Na época de Paulo, muita gente queria seguir os rituais dos judeus (religião autorizada pelo Império Romano) e se circuncidava para parecer judeu e não cristão, evitando assim a perseguição. Hoje, também “todos os que querem ostentar boa aparência na carne (seguem modismos religiosos) somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo”(Gl 6.12).
6. Eu não gosto da cruz porque ela exige que eu pregue o Evangelho: A cruz exige que eu anuncie... Na ceia, eu devo “anunciar a morte do Senhor até que ele venha” (1 Co 11) - anunciar sua morte é o mesmo que falar da cruz! Mas vai além! “Porque Cristo (...) me enviou para (...) para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo (1Co 1.17). Se eu não anuncio o Evangelho, torno a cruz vã... Que peso!
7. Eu não gosto da cruz porque ela exige que eu imite a Cristo na obediência: Ao olhar a cruz, não posso jamais ignorar a humildade que marcou a vida de Jesus. E como sou chamado a imitá-lo, me sinto sem escapatória, pois ele,” achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.8). O apósto Paulo ainda diz que chegar à ressurreição, considerou as outras coisas como perda, “para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte” (Fp 3.10). Não tem jeito de conhecer a ressurreição sem encarar a cruz...
O problema é que tudo isso mostra uma única verdade: se eu não gosto da cruz, é porque ainda não sou um convertido, “porque muitos há (...), e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp.18) e se eu sou inimigo da cruz é porque “a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem” (1Co 1.18). Se eu tão somente me converter, amarei a cruz, pois descobrirei, enfim, que ela me reconcilia com Deus (Ef 2.16; Cl 1.20), que por ela minha dívida foi paga (Cl 2.14); que o diabo e as potestades foram na cruz envergonhados (Ef 2.16); porque por meio da cruz fui feito nova criatura (Gl 6.15); por ela fui resgatado da maldição da lei (Gl 3.13) e, por fim, “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1Pe 2.24). Isto posto: como não pasmar ante a cruz? Sim, "quero estar ao pé da cruz, que tão rica fonte corre franca, salutar, de Sião, no monte"...

Um comentário:

  1. Hideide

    parabéns pelo seu Blog.

    Este posto sobre a cruz é excelente e nos faz refletir.

    Ser cristão é ser sobretudo comprometido com a missão de Cristo.

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