sábado, 26 de setembro de 2009

Encontro de Mulheres – Santo Amaro – SP 18-20 de setembro de 2009

Lançai as vossas redes para pescar

1. Sentidos possíveis da palavra rede

a) Rede como instrumento de pesca: no sentido figurado, é a imagem que Jesus usa para expressar a evangelização. Trata-se do esforço em lançar a rede – que simboliza a pregação, a palavra – no mar, que é o mundo no sentido de sistema de coisas, com o fim de obter os peixes – vidas.

b) Rede como trama – no inglês, a palavra rede, nesse sentido, é web (teia), a mesma palavra usada para falar da teia da aranha. Trama tem a ver com tecitura, aquilo que é tecido, formado por um conjunto de fios que, de modo ordenado, permitem-se alcançar um resultado que, além do pano em si, pode trazer também desenhos, isto é, tem um aspecto de beleza, de estética. Rede/Trama pode ter um sentido positivo ou negativo: rede de corrupção; rede de solidariedade. Também, nessa acepção, tem um certo sentido de conspiração – conspirar é respirar o mesmo ar, estar tão perto do outro num propósito que até o ar respirado é o mesmo.

c) Rede como relacionamento – temos visto muito este uso da palavra quando se fala em grupos de pessoas unidas por interesses comuns, especialmente no espaço cibernético. Redes do Orkut, Facebook, etc. O relacionamento em rede é tal que uma pessoa conhece a outra e a coloca em conexão com uma terceira ou com mais pessoas. Na atualidade, porém, corre-se o risco de estar em conexão com muitas pessoas, sem desenvolver, porém, uma relação mais profunda com nenhuma delas. Entretanto, é uma poderosa forma de construir relações que, usada de modo correto, pode ter um forte impacto na vida e na missão da igreja. Vamos tomar esta última acepção para nosso estudo de hoje, no sentido de rede como relacionamentos que estabelecemos para crescimento pessoal e em função do Reino de Deus.

2. Uma rede de mulheres: Noemi, Rute e Orfa

a) Rede como projeto de autopromoção – Orfa. Seu nome significa “a que dá as costas”. Infelizmente, na vida da Igreja, não é difícil encontrar pessoas que só entram num relacionamento – mesmo com Cristo, não apenas com a Igreja – porque isso lhe interessa naquele determinado momento. Orfa se interessou por Noemi até o momento em que o filho desta lhe proporcionava a condição de vida, status e sobrevivência necessária. Na ausência da motivação que lhe importava, não lhe foi difícil abandonar a sogra. Mesmo manifestando algum sentimento, este foi superficial e, portanto, logo superado. Ao entrar no projeto de Deus, devemos sempre nos perguntar pelas nossas motivações mais profundas. Por que sirvo a Deus? Com medo de ir para o inferno? Por desejo de entrar no céu? Esse tipo de recompensa pode ser enganoso...

b) Rede como projeto de sustento de nossas carências pessoais – Noemi: muitas vezes estamos em relacionamento no qual desenvolvemos relações de afeto, mas, sem nos aperceber, fazemos das outras pessoas vítimas de nossas necessidades pessoais. Noemi está sempre pronta a fazer drama: “Ditosa saí, mas o Senhor me fez voltar pobre” – isto não é verdade; ela havia saído de Belém porque faltou o pão; era uma imigrante, alguém que saiu em busca de melhores condições de vida. “Chamai-me Mara – não Noemi” – a autocomiseração, fazer os outros reféns de uma chantagem emocional gerará cristãos adoecidos emocionalmente. Existem hoje igrejas que baseiam toda a sua estrutura sobre a reação emocional das pessoas, transformando-as em esquizofrênicas (no sentido de que não conseguem separar a alucinação da realidade); e depressivas e dependentes (dependem dos “picos” de novidades da Igreja para se manterem fiéis).

c) Rede como projeto de solidariedade e compromisso: Rute significa “amiga”. É a pessoa que entra no projeto de Deus reconhecendo as limitações e diferenças, mas superando-as em prol de um projeto maior: o teu Deus é o meu Deus, o teu povo é o meu povo, a tua história é a minha história. Ela era estrangeira e dispôs-se a superar o seu preconceito e o preconceito dos outros em função de seu relacionamento com a sogra. Não há caminho de volta, é uma decisão consciente: “Faça-me o Senhor o que ele quiser se outra coisa que não a morte, me separar de ti” – seria tão maravilhoso se tivéssemos esse nível de compromisso com a Igreja e com as pessoas! Jamais abandonar alguém, jamais descomprometer-se com Cristo e com o Reino. Deve ter sido chocante para o judeu ler esta história e ver que o estrangeiro era mais comprometido do que ele com os valores do seu Deus!

3. Desafios que o texto nos apresenta:

a) Considerar nossas motivações;

b) Rever a forma pela qual construímos relacionamentos;

c) Compromisso com as pessoas é compromisso com Deus.

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