Entre os teólogos, há certo
consenso de que Atos 2.1-11 marca o início da era cristã, pois se trata da
sinalização do Reino de Deus pelo testemunho da Igreja. A partir desse evento,
Deus atinge toda a humanidade, restabelecendo, assim, a comunicação que
desejara ter com o ser humano, desde a criação. Por meio do Pentecostes, a raça
humana é convidada a se tornar novamente parceira de Deus nesse anúncio,
levando o Evangelho de Cristo a todos os confins da terra.
Atos 2 nos faz lembrar Gênesis
11.1-9. De fato, são textos em paralelo. Suas mensagens são opostas, mas partilham
contextos semelhantes. Em Gênesis, se narra que em toda a terra se falava
apenas uma língua (11.1). Motivados pela fala comum, os povos se reúnem para
construir uma torre, a fim de celebrizar seu nome e gerar fama (v.4), para
dominar sobre outros povos. Têm na torre, “cujo topo chegasse ao céu”, a chave
de seu poder. A intervenção de Deus acontece “para que um não entendesse o
outro” (v.7). Para eles, a comunicação era a chave do poder. Sem ela, se
espalham por toda a terra; perdem sua unidade.
O evento do Pentecostes pretende
restabelecer a comunicação de Deus com todos os povos da terra. À dispersão de Gênesis
se opõe agora a agregação dos povos em torno das maravilhas de Deus, entendidas
em cada idioma. A redenção em Jesus Cristo é comunicada a todo o mundo, destaca
Pedro (Atos 2.22-24, 36). A comunhão promovida pelo Espírito Santo pode restaurar
a comunicação entre os seres. Todos se rendem à boa notícia das grandezas de
Deus (Atos 4.32-33; 1 Coríntios 12.25).
E ainda: o Espírito se manifesta,
em Atos 2, como “línguas de fogo”. O fogo, em toda a Bíblia, está muito ligado
às aparições e visões de Deus (por exemplo, a sarça ardente em Êx 3.2-3). Por
outro lado, a língua é instrumento de comunicação humana por excelência. O fato
de aparecerem línguas como de fogo sobre os discípulos ressalta que o dom do
Espírito excede a edificação pessoal.
Resta a nós, a exemplo da
comunidade primitiva, sermos obedientes à sua Palavra. Assim, se cumprirá em
nós, dia-a-dia, a promessa do Espirito Santo, a fim de que sejamos testemunhas
das suas grandezas onde quer estejamos. Pelo Espírito, tornamo-nos porta-vozes
da sua Palavra, veículos de comunicação de Deus a quem Ele nos enviar.
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