quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Reflexões sobre o 39o. Concílio da Quarta Região

Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos. (Provérbios 6.16-19).

Já se passaram alguns dias do Concílio Regional e nosso coração continua inquieto. Vemos sinais por toda a parte de que algo mais profundo precisa ser mudado, se quisermos ver a vontade de Deus cumprir-se em nosso meio. Não se trata apenas de uma mudança de mentalidade, mas de profundas transformações de caráter. Concordamos com o bispo Roberto ao posicionar-se firmemente a favor do crescimento da Igreja. De fato, o discurso de que somos o que deveríamos ser mostra-se uma falácia. A igreja tem a natureza do crescimento, da expansão. Sua missão é ir até aos confins da Terra, anunciar o evangelho a toda a criatura, fazer discípulos/as de todas as nações. Para chegar tão longe, ela precisa de muitos braços e pernas e bocas e corações palpitantes pela missão. Ela tem que ser despertada, motivada e orientada a sair de si mesma, a olhar o passado com humildade, aprendendo com os acertos e erros, honrando a memória dos que se foram em dedicação ao Senhor, honrando seu legado indo mais adiante e também reconhecendo seus limites e propondo novos parâmetros quando necessário for.

Ontem mesmo, ao ir à fisioterapeuta e, depois, ao supermercado, encontramos duas pessoas que já foram membros da igreja que pastoreamos – estão longe agora, sem participar de nenhuma comunidade. Ficamos felizes pela oportunidade que Jesus nos deu de poder convidá-las a voltar. Ainda as encontraremos outras vezes e reforçaremos o convite, orando e crendo que Jesus pode fazer com que elas regressem, pedindo-lhe que nosso encontro com elas seja já a sua ação efetiva a favor dessas vidas.

Mas quando elas vierem para a Igreja, encontrarão um espaço de acolhida e crescimento? Um espaço em que serão desafiadas a ter o caráter de Cristo? Ou a Igreja será a nova arena das vaidades, dos desvarios e dos desvios que tanto mal fazem ao mundo? Pensamos nos nossos colegas de ministério que desistiram da caminhada vocacional. Alguns deles por problemas concretos, que mereciam uma intervenção. Mas não poucos por puro desapontamento, por relacionamentos mal conduzidos e mal direcionados, movidos por aspirações humanas e pecaminosas. Há muitos pastores e pastoras assim. Há muitos membros assim. Ovelhas sem pastor, não apenas por que não os têm, mas ainda pior: por não acreditarem mais neles...

E isso tem acontecido de modo devastador, muito embora haja o empenho de nosso bispo em trabalhar contra isso. Reiteradamente, o bispo falou durante nosso concílio, nos cultos e nas plenárias, para que não houvesse conversas paralelas e boatos de corredor. Com firmeza, ele alertou contra tais práticas, mas, novamente, o que vimos foi isso acontecer. Podemos falar com certeza e firmeza, pois pessoalmente fomos atingidos, vitimados por boatos, fofocas e mentiras, dos quais, infelizmente, só viemos a ter conhecimento quando já terminava o culto de encerramento do 39º Concílio Regional.

É preciso que as palavras sérias e proféticas que foram ditas durante este Concílio Regional se encham de real e profundo conteúdo, capaz de transformar a vida e a missão da Igreja Metodista. Nosso bispo afirmou categoricamente que é preciso garantir a unidade da Igreja e que tal unidade significa respeitar a todas as pessoas. Ele afirmou e nós concordamos, que “é melhor ter um inimigo declarado do que um falso amigo, muito embora na vida da Igreja devemos nos esforçar para não vermos uns aos outros como inimigos, já que todos fomos comprados pelo mesmo sangue de Cristo e somos irmãos”. Nossas diferenças de postura, opinião e forma de viver a fé nos fazem diferentes e não opostos. Doeu demais ouvir que circulou por lá esta veemente mentira: “O Otávio está deixando de ser superintendente distrital para fazer oposição ao bispo e porque ele vai fazer campanha para que a Hideide seja bispa”. Ao deixar o cargo, por razões estritamente pessoais e da vida da Igreja, procuramos o bispo, expusemos todas as razões pelas quais era necessário, estrategicamente para a vida familiar, para a vida da Igreja, pelos projetos pastorais assumidos e por dificuldades particulares. Fizemos como fizemos quando de sua chegada à Região: conversamos abertamente sobre nossa disposição ao serviço.

Cremos que a Igreja é maior do que nós. Que não precisamos concordar de modo homogêneo e uniformizante com todas as pessoas para estar no mesmo barco, navegando lado a lado, atendendo aos desafios da missão. Não estamos contra ou a favor de ninguém. Prova disso é que temos nos mantido fiéis ao princípio interior que temos e não integramos movimento ou grupo algum na vida da Igreja. Não participamos de nenhuma reunião dos chamados metodistas confessantes, nem atuamos no movimento do coração aquecido, por exemplo. Nem somos contra quaisquer desses movimentos, reconhecendo sua participação, quer na reflexão, quer na prática da Igreja. Mas temos amigos e amigas em todos os lugares, porque cremos que todos somos metodistas, porque assim é que é o corpo de Cristo: diferentes membros, um só corpo. Atuamos, em dois anos de Coream e quatro anos de Superintendência Distrital, sempre no melhor interesse do corpo de Cristo, sempre ponderando e conversando, sempre assessorando o bispo da melhor forma que pudemos fazer. Desafiamos qualquer um a dizer o contrário disso – a provar que tenhamos feito qualquer coisa para prejudicar a missão metodista.

O bispo falou, numa de suas mensagens, entre outras coisas, algo que achamos fundamental neste momento crucial de nossa Região. Ele disse: “Desafio a vocês que fazem as coisas no escondido, a fazer cara a cara”. No mundo secular, são feitas alianças e acordos partidários para se alcançar os objetivos desejados, pessoais ou corporativos. No entanto, o bispo nos lembrou em seu sermão, na abertura do concílio, enfatizando a carta do próximo biênio, inspirada em 1 Coríntios (Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo...), que, na Igreja, esta postura e modo de agir não devem existir. Na Igreja, nem tudo o que é lícito nos convém. Sobre esse assunto, os próprios Cânones nos esclarecem que devemos agir “sem discussão, nem debate”. Por isso, ficamos tristes, ao ouvir, nos bastidores dos concílios, boatos perigosos sobre a existência de listas para isso e aquilo, do uso da sala de oração para outros fins que não a espiritualidade. Não foi apenas este boato terrível que circulou, entristecendo os corações dos conciliares, comprometendo a espiritualidade de nosso conclave.

Mal saiu a nomeação pastoral e já havia rumores sobre igrejas “com coronéis” e “pastores ruins”. Ao ouvir essas conversas, nosso coração se rompeu em dor, porque as pessoas dizem isso e, quando confrontadas, afirmam: “Eu não quero me comprometer”. Então, não espalhe boatos, não entre na roda dos fofoqueiros, meu irmão, minha irmã! Não diga o que não pode provar, não espalhe o que apenas semeia contenda entre os irmãos/ãs e lança desconfianças sobre a liderança pastoral desta igreja tão combalida!

Lembremos a seriedade da visão que a revda. Maria de Fátima compartilhou com todos nós, no culto da manhã: “o corpo está ferido... Jesus pergunta: você não se importa?” Foi a pergunta feita a ela, feita a todos nós... Sim, o corpo está ferido, nós, pessoalmente, estamos feridos. E quando falamos isso não tem nada a ver com o resultado deste ou daquele pleito. Não precisamos de cargos para demonstrar nosso chamado – as funções são apenas mais trabalho, como o talento dado ao que já tem dez. Não é prêmio, é serviço. O maior reconhecimento que temos vem dos membros de nossa igreja local, que oram por nós e sabem o quanto nos doamos, viajando, pregando, participando de reuniões, correndo riscos nas estradas, para estar onde a Igreja precisa de nós, onde nos chama. Queremos receber desses irmãos e irmãs o reconhecimento, queremos receber do Senhor. Não queremos estar nos lugares porque fomos colocados lá, por que razão for – queremos estar em decorrência de nosso caráter, de nosso esforço e da confirmação de Deus e da Igreja. Caso contrário, estaremos fora.

Em nosso quarto, naquele dia pela manhã, após o culto de encerramento do 39º Concílio Regional da 4ª RE, e nos dias até agora, choramos e oramos ao Senhor pela sua cura em nós, membros feridos de seu corpo por causa desses boatos e – por que não dizer? – mentiras, a cura de Deus, que só vem pela verdade que Ele dará a conhecer e que nos libertará.

Fazemos um apelo sincero: se você viu algo errado, fale a verdade e não tema as consequências. Seja um profeta, uma profetisa de Deus. Mas se viu e não quer assumir, então se cale. Se você só ouviu dizer e não viu nada, não passe adiante. Não fique exaltado pelos corredores, falando pelas costas e negando encarar o face a face. Conversas de segunda ou de terceira mão de nada servem senão para semear a dor, a contenda, aumentar as feridas do corpo de Cristo. A Primeira Região deu provas de que tem a coragem de fazer isso: buscar a verdade é desafiador, mas sem isso, como alcançar o caráter de Cristo?

Não se tratam de posturas teológicas, nem de rótulos, como bem frisou o bispo em sua pregação. De fato, há rótulos bem velhos mesmo, que devem cair, há rótulos falsos, que podemos nos induzir ao erro, ao envenenamento. Trata-se de algo que tanto foi frisado neste concílio: trata-se de caráter. Nada ganhamos com boatos, como diz a Palavra do Senhor: “Ó língua fraudulenta, que te será dado ou que te será acrescentado?” (Salmo 120.2).

Nossa palavra aqui não é de denúncia, em termos formais e legais, mesmo porque não somos testemunhas desses acontecimentos; apenas chegaram a nós os boatos. E, como nos atingem pessoalmente, temos o direito de manifestar nosso aborrecimento frente a eles. Mas se trata de uma reflexão (dom que nos foi concedido por Deus); também de um desabafo pessoal e um chamado à unidade, apelo que outras vozes também têm feito e que queremos ver na prática. É tempo de cura, cremos nisso. É hora de deixar para trás o que aconteceu no passado, deixar de perseguir uns aos outros por posições teológicas ou por posturas tomadas nos concílios anteriores.

É hora de deixar de lado os discursos excludentes e assumir que somos uma Região com diversas vozes e que todas podem encontrar o tom ideal para serem ouvidas sem abafar as demais. É hora de pedir a Deus que faça maravilhas no meio de nós – começando por purificar nossa boca de todo boato, fofoca e mentira. Que nos dê coragem de falar a verdade na hora certa. Que nos dê os caminhos certos, justos e éticos para colocar nossos temas em pauta sem recorrer a nenhum subterfúgio.

Por esta razão, procuramos o bispo imediatamente, assim que ficamos sabendo o que a nosso respeito se dizia, para lhe reafirmar nossa posição, que é de contribuir para a Região, para a Igreja Metodista e para o Reino de Deus. Ele está informado. Apesar de todas as diferenças que existiram, porventura existam ou venham a existir num ponto ou outro da caminhada, com relação a colegas pastores/as ou membros de nossas igrejas, não agiremos jamais sem verdade, sem respeito, sem amor cristão. Não há razões cristãs que justifiquem tal postura.

É hora de vestir a armadura de Deus. A nossa luta não é contra a carne, nem o sangue – muito menos de uns contra os outros. De fato, se como diz a Palavra de Deus, onde está o Espírito do Senhor, aí a liberdade, é preciso que assumamos o que é necessário para ter liberdade: “CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ”.

Otávio Júlio Torres e Hideíde Brito Torres
Pastor e pastora da Igreja Metodista na 4ª RE
Cataguases, novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mulher é apedrejada até a morte por adultério na Somália

"Um juiz de um grupo militante islâmico da Somália afirmou que uma mulher foi apedrejada até a morte por ter um relacionamento extraconjugal. O namorado dela recebeu cem chibatadas pela mesma infração, segundo ele. O xeque Ibrahim Abdirahman, juiz do grupo al-Shabab, disse que a mulher foi morta na terça-feira, em frente a uma multidão de aproximadamente 200 pessoas, perto da cidade de Wajid. Abdirahman afirmou que a vítima, de 20 anos, teve um caso com um homem solteiro de 29 anos e deu à luz um bebê que já nasceu morto. Os militantes controlam boa parte do sul somali e têm vínculos com a Al-Qaeda. Eles instituíram uma versão conservadora da lei islâmica na região. Este foi pelo menos o quarto apedrejamento até a morte por adultério na Somália no último ano. Foi a segunda vez que uma mulher foi morta por esse motivo, no mesmo período."

Publicado no site do yahoo. Façamos um alerta em favor de mulheres de perto e de longe que são assassinadas todos os dias. Violência contra mulher é covardia!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Não quero ser membro da Igreja...


Não quero ser membro da Igreja porque não gosto que minha vida seja da alçada de ninguém. A autoridade espiritual do pastor ou da pastora sobre mim implicaria grande responsabilidade. Assim, não tenho de prestar contas de nada do que faço ou deixo de fazer.
Não quero ser membro da Igreja porque posso participar dos ministérios, da Santa Ceia, ser dizimista, estar nos cultos sem a necessidade de um ritual ou um pedaço de papel que me diga o que sou ou não. Se você pensar bem, esta é a mesma razão pela qual as pessoas querem “morar junto” hoje em dia, sem estar casadas legalmente. É ter as recompensas sem o peso dos deveres. O outro nunca pode exigir nada, porque, se eu não gostar mais, posso simplesmente ir embora sem ter de dar satisfações a ninguém.
Não quero ser membro da Igreja porque gosto de circular por aí, conhecer novas ideias e novas pessoas. Ser membro significa aderir a um conjunto de preceitos e eu não gosto que ninguém me diga o que pensar ou não. Existem coisas com as quais eu não concordo na Igreja, até mesmo doutrinárias. Sem ser membro, não tenho compromisso com nada disso.
Não quero ser membro da Igreja para não ter a responsabilidade pessoal de zelar pelo meu testemunho em relação a ela. Se alguém me perguntar alguma coisa, digo simplesmente que frequento, estou visitando, vendo “qual é”.
Não quero ser membro da Igreja para não ter de sustentar as coisas chatas que toda Igreja tem. Posso fazer o que quiser, sem ser requerido. Não tenho a obrigação de amar ninguém nem de sustentar ninguém com minhas orações. Se alguém pegar no meu pé, posso ameaçar ir para outra comunidade, quem sabe fazer alguma pressão por causa do dízimo que entrego. Ao fazê-lo, fico aparentemente mais fiel do que aquele que, sendo membro, não faz tudo o que eu faço.
Só que há alguns problemas... mas eu não gosto de pensar muito sobre isso.
Quando não assumo integralmente meu papel como membro da Igreja, vivo parcialmente o amor de Cristo. Não serei nunca capaz de “alegrar-me com os que se alegram e chorar com os que choram” (Rm 12.15), porque meu envolvimento é sempre parcial. Sem conhecer o amor verdadeiro, posso ter todos os demais dons, mas de nada eles me adiantarão (1Co 13).
Quando eu entrego fielmente o dízimo, compareço aos cultos e participo dos ministérios, não estou fazendo favor algum à Igreja, ao pastor ou pastora, nem sendo mais santo que os membros assumidos que não o fazem. O erro deles não justifica minha arrogância. De certo modo, eu fico parecendo o fariseu que subiu ao templo para orar (Luc 18.9-14). Estou apenas cumprindo meu dever cristão, mas se faço isso apenas para não ser cobrado, então “já recebi minha recompensa” (Mt 6.6).
Quando eu não me torno membro da Igreja, torno-me uma anomalia, uma parte do corpo de Cristo que quer viver de si mesma. Mas um membro não pode ser separado do corpo sob o risco de morte, assim também, fora do corpo de Cristo, morremos, uma vez que a comunhão plena alimenta a espiritualidade saudável (1Co 12-14).
Se Cristo amou a Igreja e chegou a ponto de morrer por ela, quando não assumo integralmente meus votos numa comunidade local, corro o risco de situar-me fora desta esfera de amor, de santidade e de incorruptibilidade, mesmo considerando os defeitos e infortúnios que ela, como comunidade humana, santa e pecadora (no dizer de Martim Lutero) pode conter (Ef 5.25-27). Ao contrário, importa-me sofrer por ela: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24).
O fato de ser membro de uma Igreja é consequência do fato de que me entreguei a Cristo, vivo por ele. É uma manifestação visível da transformação invisível que Deus opera no meu interior. Devo me alegrar por isso, e não achar-me sob o peso de uma obrigação. Damo-nos primeiro a Deus e depois uns aos outros na comunidade de fé (2Co 8.5). Como poderei dar-me por inteiro a alguém se não quero assumir publicamente meu compromisso para com essa pessoa ou grupo, de todos os meios e formas pelas quais me for possível fazê-lo?
Somente o fato de ser membro de uma igreja me dará a autoridade do reconhecimento que vem dos irmãos e irmãs, legitimando meu ministério junto a eles e tornando mais amplo o espectro da minha ação. Por ter-me como seu igual, companheiro de jugo e de lutas, com maior profundidade poderão testemunhar de mim e sentir que estou 100% com eles, como aconteceu com Tito (2Co 8.16-23). Os membros da Igreja são neste texto chamados de “companheiros no desempenho da graça”, “companheiros e colaboradores”, “mensageiros da Igreja”, “glória de Cristo”. E Paulo lhes exorta a demonstrar “a prova do amor e da exultação” perante a Igreja quando membros desse porte estiverem diante dela.
Se há sobre a comunidade um pastor ou pastora fiel, com amor no coração, atenção e fidelidade para com os princípios bíblicos e doutrinários, minha insubmissão é sinal de rebeldia ao Senhor e ao seu corpo. Tenho de considerar profundamente as motivações que me levam a não querer uma autoridade espiritual sobre mim. É claro que há os que abusam, mas a Bíblia chama a estes de mercenários. Os pastores e pastoras verdadeiros são reconhecidos por sua autoridade vinda do Espírito, seu amor e zelo pela comunidade, sua seriedade no testemunho e na oração. A estes, a carta aos Hebreus recomenda obediência e submissão (Hb 13.17). Tenho de admitir se não quero que o pastor ou pastora me oriente espiritualmente porque ele ou ela não é uma pessoa de Deus (e isso não cabe a mim, individualmente, decidir) ou se é porque esta liderança espiritual me confronta diretamente em meu coração endurecido, em meus pecados de estimação ou na confrontação da entrega total a Cristo, que ainda resisto a fazer. Se for assim, é para pensar profundamente a minha vida, pois “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?” (1Tm 3.5)! Esta reflexão e constatação cabem somente a mim e somente o Espírito pode revelar-me inteiramente isso. Mas se me nego a pensar, também me nego a ser transformado...
Cristo edifica a sua igreja e afirma que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). Como eu posso ser edificado se não quero afirmar categoricamente que faço parte da Igreja? Como poderei, assim, fazer com que o inferno não prevaleça contra mim? Preciso estar na igreja para saber “como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15)

Como disse alguém, a Igreja não é para ser conveniente, nem condescendente, mas contundente. Se eu quiser ser mais um na multidão, posso estar na igreja sem assumi-la. O problema disso é que Cristo não vai me conhecer quando isso for necessário (Mt 25). Mas se quiser ser discípulo, não devo fazer o que eu quero – sou instado a deixar o meu eu e assumir o fardo do meu irmão (Gl 6.2). Ser membro da Igreja é um passo fundamental e um grande desafio. Paulo concorda: “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (2Co 11.28), porque não basta estar no rol, é preciso estar por inteiro, pela vida inteira, com a inteira vida.
Mas o resultado do compromisso pleno é, igualmente, grandioso:
“Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10).

sábado, 7 de novembro de 2009

Tempo de decisões

Está chegando um tempo importante para a vida e missão da Igreja. Vem aí o concílio. Estou numa esperança louca de que coisas novas venham à luz. Estou num medo doido de que a gente enfrente grandes dificuldades. Estou com fé em Deus e isso precisa superar tanto o medo quanto a esperança, que são coisas de gente - e Deus é mais...
Eu tenho visto coisas muito difíceis acontecendo no meio evangélico no nosso País. Coisas de arrepiar mesmo... E algumas delas estão flertando perigosamente conosco todos os dias.
Estamos em busca do extraordinário, mas nos esquecemos do arroz com feijão que fortalece nossa fé. Seguindo a pós-modernidade, estamos fragmentados entre o crente em êxtase da Igreja e o crente amoral do mundo - como se isso fosse possível aos olhos de um Deus tão zeloso e santo quanto o nosso. O fim dos tempos anda mais próximo do que nunca. Será que o Filho do homem achará fé na terra? Achará fé em nós? Em mim? Pergunto-me todos os dias, tento manter a saúde da minha alma, cuido do meu coração e da doutrina, como Paulo recomendou a Timóteo. Mesmo assim, não estamos isentos do erro, da dificuldade, da distorção.
Por isso, oro a Deus pelas lideranças, pelos membros das Igrejas, pelos pastores, pastoras, evangelistas, missionários, comunicadores cristãos... Peço pelo bispo, cuja tarefa de liderar e conciliar é tão intensa que, ao final de tudo, o cansaço certamente é muito. Peço para ele visão, calma, amplitude de coração, discernimento (que eu acho o dom mais importante de todos no exercício da liderança cristã). Que cada experiência passada o consolide mais e mais na difícil tarefa de liderar uma Região tão vasta e diversificada como a nossa. Peço por renovação das suas forças, por motivação interior (porque os ataques externos às vezes querem drenar todas as nossas forças). Peço que Deus dirija nossos humanos desejos, muitos deles pecaminosos e faltos, para outro lado que não a missão. Que Deus os expurgue de nós, pois estamos, muitas vezes, buscando um poder que não é nosso...
Nesses tempos de tantas vozes, de tantos apelos, de coisas diferentes e novidades mirabolantes, lembro do Salmo 130: Senhor, meu coração não se elevou, nem meus olhos levantaram. Não me exercito em grandes assuntos, nem em coisas elevadas para mim. Decerto, eu fiz calar e sossegar a minha alma, qual criança desmamada para com sua mãe. Assim como esta criança, tal é minha alma para contigo. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre"...

Perspectivas 2010



Puxa vida! Ontem mesmo era 1999 e agora já vamos para 2010. Eu sempre compro uma agenda no final do ano, para organizar meus compromissos no ano vindouro. Pura ilusão, eu sei, que daqui a alguns meses eu nem vou saber onde anda a bendita, e a maioria dos compromissos é de última hora mesmo, nem adianta marcar... Mas sabe a sensação que é um ano inteiro em folhas em branco, na sua frente? Sabe lá o que é a perspectiva de que você pode estar começando do zero, somente porque não há nada escrito ainda?
Eu gosto desta sensação, mesmo que passageira. Eu sei que não posso começar em branco, porque há coisas demais escritas em meus pensamentos, em meu coração. Começo a ter rugas desenhadas na testa e a ter de usar cores para despistar os cabelos brancos (são de preocupação, tá? Não de idade!). Bem, não há como negar, trazemos uma história conosco.
Se minha vida fosse uma agenda, eu poderia jogar fora o ano passado e esquecer os problemas que vieram ao longo dos meses. Mas também jogaria fora as alegrias, as memórias, os reencontros. A vida não é uma agenda, é um diário. A gente segue escrevendo. Pode ser que nunca voltemos os olhos às páginas antigas. Quando minha mãe não gosta de um assunto, ela costuma dizer: "Vira esta página!".
Às vezes é bom fazer isso, às vezes, não. Há páginas, especialmente aquelas que trazem manchas, amassados, dobraduras, que não conseguem passar desapercebidas. Mesmo com o livro fechado, se olharmos de lado, dá pra vê-las. Melhor encarar, olhar bem, passar à frente. Aprender.
Mas também há aquelas páginas nas quais a gente cola adesivos, figurinhas, momentos ilustrativos, uma poesia sem métrica, um versinho sem sentido, um beijo de batom. Essas páginas também se destacam das outras por suas cores de doces lembranças.
A vida é um diário... hoje pode ser um dia em que há coisas que eu gostaria de poder apagar, riscar... mas as marcas ficam na página seguinte, como acontece quando se escreve com a caneta apertada demais. Mas amanhã pode ser diferente, um registro que eu quererei guardar para sempre...
Minha vida não é um livro aberto. O fato de estar aberto não quer dizer coisa alguma. Livros abertos só pegam poeira. Eu quero que a minha vida seja um livro a ser folheado, anotado, riscado e rabiscado, um livro no qual haja coisas para ler... Que histórias escreveremos no próximo ano, Senhor? Dramas, tragédias, comédia, novelas, poesia, prosa? Põe tinta nesta caneta, Senhor... Eu espero que muitas coisas melhores venham por aí, e possamos colocar algumas histórias diferentes. Porque as folhas estão em branco. E isso é sempre uma grande possibilidade!

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...