segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Saudades de mim

Ando com saudades de mim. Parece engraçado, mas acho que no corre-corre da vida, das filhas, do ministério, de repente eu me perdi de mim. Ando querendo marcar um encontro comigo. Conversar sobre as coisas, saber como eu estou indo... Quando encontro comigo no espelho, apressada para um compromisso, até me pergunto: "Tudo bem?", mas não tenho tido tempo para me responder, nem para me ouvir. E talvez nem tudo esteja tão bem... Talvez eu esteja precisando desabafar, mas ando tão corrida que não dá tempo... Deixo para outro dia, que nunca vem...
Ando com saudades da minha risada, da cor dos meus olhos, dos meus cabelos que, de repente, estão embranquecendo (e sem falsa modéstia, acho mesmo que antes da hora). Outro dia me deparei com uma ruga e nem vi como ela foi parar lá. Parece que nem sou eu... Tudo bem... Vou confessar que parte desta nostalgia de mim é porque resolvi voltar ao passado. Não se deve fazer isso sem aviso prévio... Arrumando o guarda-roupas, encontrei meus antigos cadernos de poesia. E uma estranha se apresentou diante de mim, dos dez aos quinze ou dezesseis anos. E embora eu reconhecesse a caligrafia (que era mais legível antes de eu ter computador), eu poderia jurar que não era mais a Hideide. Não a conheci... Ela cresceu e ficou tão diferente! Meu Deus, me deu um nó no estômago. E fiquei assim, com vontade de vê-la de novo... ela gostava muito de cantar e escrevia às vezes mais de dez poesias por dia... Ela chorava à toa e tinha a cara cheia de espinhas... Ela usava umas saias compridas, totalmente fora de moda e era tímida pra caramba. Mas boa gente, cultivava amizades de mais longa data. Sabia contar histórias, era crente de nunca faltar a culto algum. Lendo o que ela escrevia sobre sua fé, me tomei de inveja de mim mesma. Ela sabia pouco da vida - ou sabia mais do que eu.
Sim, a gente não pode voltar ao passado sem aviso prévio. Em muitos aspectos, até posso dizer que gosto mais de mim como sou hoje. Mas lá no fundo, sinto saudades de quem eu era, de como acreditava mais na vida e nas pessoas. Vejo minha filha com tanta pressa de crescer... Eu queria poder fazê-la entender que não vale a pena correr... Gente grande é muito chata... bom mesmo é ser criança... ai, que saudade de mim...

2 comentários:

  1. Quem sabe não poderíamos marcar uma EBF endomística e, assim, tentarmos um reencontro com quem fomos. Como isso não é possível, que nos sobrem, pelo menos, as nostalgias. O que passou, foi. Como o diria o Lulu Santos: Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Concordo.
    Assim, como você, revisito meu passado para me perder um pouco mais na atualidade. O pior - ou melhor, não sei - é que não tem jeito de ser diferente. Tâmo lascados.
    Acho que ainda existe uma portinhola pequenina pra gente passar e ela se chama recriação. Não sei quanto a você mas eu preciso urgentemente reinventar a minha vida. Do jeito que está, não dá mais, afinal de contas: papagaio que acompanha joão-de-Barro acaba virando ajudante de pedreiro. Tô fora!

    ResponderExcluir

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...