sexta-feira, 13 de maio de 2011

Igreja Plural

Tendo em vista tudo o que tenho visto e ouvido recentemente, acabo me sentindo impelida ao inimaginável... Sempre ouvi que somos uma igreja plural. Não uma igreja coletiva, que coletivo sempre aparece no singular. Uma igreja plural, incluindo todos os "s" possíveis e suas variações: "ães, ões, os, as, etc." Uma igreja plural é uma igreja onde todos falam e ouvem, onde todas as vertentes se encontram... Sempre ouvi isso, juro (como quem jura diante do magistrado, que é o caso permitido nos Cânones), e sempre aceitei como verdade incontestável, oriunda do fato de servirmos a um  Trino Deus, que não se conteve em seu maravilhamento de ser tão grande e poderoso que decidiu se revelar de todas  as formas possíveis, só porque a variedade é sempre mais interessante...
Quando eu penso em pluralidade na vida da Igreja, lembro de 1 Coríntios 12: diversidade nas realizações, diversidades no serviço, diversidades nos dons, mas o Espírito é o mesmo. E para usar uma figura litúrgica, eu me lembro do Coral. Num canto coral, os cantores não ficam na mesma entonação e, muitas vezes, não cantam sequer a mesma letra, nem seguem o mesmo ritmo, nem a mesma altura... Contudo, quando se ouve o conjunto, o que ressoa é a mais perfeita harmonia dos diferentes. Se todos cantassem igualzinho, jamais haveria a riqueza...
Será que quando vier o Filho do Homem vai encontrar fé na terra? Jesus perguntou... Não quero acrescentar nada, Senhor, à Tua Palavra, posto que já nos recomendaste todo cuidado em relação a isso (embora haja muita gente que o ignore, viu?). Mas se me permitisses apenas uma nota de rodapé, dessas bem pequenas e discretas, eu ia só adicionar um comentário: Quando vier o Filho do Homem, encontrará, porventura, a criatividade que é parte da imagem e semelhança de Deus?
Nunca me esqueço da cena do filme Robin Hood, com o Kevin Costner. A menina vê o homem negro (Morgan Freeman, sempre maravilhoso!!!), muçulmano, mouro. Ela, branca, inglesa, que nunca vira alguém de outro tom diferente do seu, pergunta: "Por que Deus te pintou?"
Divertido, o homem se aproveita da pergunta feita na inocência para desvendar um dos mais profundos segredos da criação, pelo qual sempre existem os mais diferentes animais da mesma espécie em todos os setores da fauna terrestre: "Alá me pintou porque gosta da variedade"...
Não tenho receio de quem pensa diferente de mim. Não acho, de forma alguma, que tenhamos de ser todos iguais ou de pensar uniformemente. Aliás, a Palavra nos diz para pensar "concordemente" e não "uniformemente", "homogeneamente"...
O que me entristece é o egocentrismo, a vaidade, o orgulho, a arrogância, o autoritarismo, de um lado; e o relaxamento espiritual, a displicência com a Palavra, a barganha religiosa, de outro. Pense diferente, mas ombre com o Corpo. Discorde e brigue pelo que ama, mas não caia fora... Não faça só o que lhe agrada, mas o que precisa ser feito... Disso são feitos os valores verdadeiros do Reino de Deus. É com essa igreja, que nem um coral afinado, que ensaia todo dia para ficar perfeito, cada um na sua voz, é que eu sonho... Mesmo que você cante em outro tom, cante comigo também...

3 comentários:

  1. Uma linda melodia é aquela composta de muitas dissonantes. Acredito que a beleza de uma canção plural tem a ver com essas dissonâncias e não com as desafinações. Não sei o que, especificamente, lhe levou a escrever esse texto, mas o mundo plural tem espaço para as diferenças dissonantes, que completam e embelezam, jamais para as desafinações que agridem a audição. Espero que a sua canção seja marcada pela dissonância sempre, mesmo que lhe convidem à desafinação. Valeu minha amiga.

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  2. Olá amados.
    Recentemente assistindo um diálogo na TV, uma pessoa disse para outra: você precisa saber quem é e o que quer.
    Ser plural certamente não quer dizer ser aberto a tudo e a todos.Precisamos saber quem somos e o que queremos. Isso mostra identidade. Sou e tenho propósito. Não sou levado de um lado para o outro porque outros pensam e determinam por mim. Não. Tenho autonomia.
    Talvez melhor seria lembrar o apóstolo Paulo: Tudo me é licito, mas nem tudo me convém.
    Temos que lembrar que existem regras,não para matar, mas para convivermos. Não posso tomar atitudes por mim mesmo e depois querer que me apoiem, por que devemos ser plurais.
    Não existo sem o próximo, mas existo com o próximo. Não sou uma ilha. Mas nem por isso deixo de ser.Tenho vontades, tenho preferências.
    Visito periodicamente o blog. Leio com cuidado os textos. Mas não posso concordar com um pluralismo dessa forma.
    Aceitar tudo é o caminho?Não.Tudo é possivel?Não.Temos que seguir certar regras para o bem comum?Sim.
    Com apreço,
    Walkimar

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  3. Certamente que pluralidade não é o mesmo que pluralismo... Eu procurei enfatizar em minha reflexão a importância da harmonia: um só Deus, um só Senhor, uma só fé, um só amor. Porém, diversos dons, diversos serviços, diversas realizações. Será que estou sendo antibíblica ou contra a unidade por causa disso? Será que eu disse, em ao menos alguma linha do meu texto, que isso significa aceitar tudo? Creio que não...

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