segunda-feira, 25 de junho de 2012

As obras magníficas de Deus (Salmo 111)


Para tudo o que existe e no que nos empenhamos a realizar, o Senhor é nosso modelo, nosso padrão. Que texto poderia nos inspirar a buscar os fundamentos pelos quais Deus constrói Sua obra ao longo da história?
Pesquisando um pouco, me deparei com o Salmo 111. O salmista fala sobre as realizações de Deus; é um texto bastante genérico, mas a forma como ele utiliza os adjetivos me chamou à atenção. Assim, fiquei inspirada a refletir sobre o “como” da edificação e não particularmente sobre “o que” construir... Quero destacar esses adjetivos e refletir sobre o processo de construção de nossos projetos, planos, enfim, a construção de nossa vida à luz do modelo divino.
Inicialmente, o Salmo nos dá uma noção de que a obra deve ser inteira. Prova disso é o fato de que o texto, em seu original, trata-se de um acróstico. Cada letra do alfabeto hebraico é usada para iniciar um versículo (cf. Bíblia de Jerusalém, TEB). Temos de entender que, se queremos seguir a Deus de modo integral, nossa edificação jamais pode ficar pela metade (Hb 10.38; Lc 14.28-30)!

Grandes são as obras do Senhor, dignas de estudo para quem as ama (v.2)
A TEB e a Bíblia de Jerusalém dão a este versículo uma tradução muito rica. A versão do Almeida não nos deixa perceber claramente esta característica, ao utilizar o termo “consideradas”. Levar em consideração, em português, não tem o mesmo peso de “estudar”. A ideia aqui presente é que aquilo que Deus edifica deve ser objeto não apenas de contemplação ou consideração, mas de estudo. Aquilo que Deus constrói se torna uma fonte de conhecimento. Como exemplo disso, vemos que até hoje os homens e mulheres de Deus do passado têm suas vidas revisitadas pelas pessoas que atuam como evangelistas, pregadoras, missionárias e que querem ter um exemplo de paixão missionária a seguir. Um problema de nosso tempo tem sido este: as nossas obras não têm sido objeto de estudo; são coisas de mídia, que passam; uma vez pronunciado um sermão, ele é esquecido. Uma vez realizado um projeto, ele é abandonado. Quando Deus faz alguma coisa, isso permanece como fonte de conhecimento, de análise, de observação. Mas não por qualquer um, senão por aquele alguém que as ama. Construa sua vida de modo a gerar interesse e amor nas pessoas ao seu redor. Se sua vida é uma fonte de conhecimento de Deus para os outros irmãos e irmãs, para as pessoas em geral, você está no caminho certo... o da imitação do Pai.

Ele quis que seus milagres fossem lembrados (v. 4)
Assim a TEB traduz este versículo. A Bíblia de Jerusalém afirma: “Ele deixou um memorial de suas maravilhas” e a Almeida traz: “Ele fez memoráveis as suas maravilhas”. Como já mencionei, o mundo de hoje, com sua tecnologia e ênfase na novidade, tem enfatizado o descartável e a transitoriedade. Tudo passa e é esquecido. Mas o povo de Deus não deve ceder a essa tentação. Imitando o Pai, devemos trabalhar de modo a que nossos projetos possam ter um significado a mais e se tornem dignos de serem lembrados. As raízes, fundamentos, bases, enfim, aquilo que dá sustentação aos projetos de Deus são coisas eternas, perenes. Deus não atua na base de modismos, nem seu povo o deve fazer. Não se trata, obviamente, de métodos ou estratégias. Esses, sim, podem mudar de modo a falar com as novas demandas; mas aquilo que faz Deus ser Deus não muda: Ele é o mesmo (Hb 13.8; Lc 13.28). Os valores que você vem construindo ao longo de sua vida têm sido dignos de serem lembrados? Ou você os muda constantemente? Possuem fundamento ou se alternam conforme as circunstâncias?

Justiça e verdade são as obras de suas mãos (v.7)
No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, temos: "Justiça é o caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é direito com o que é justo; princípio moral em nome do qual o direito deve ser respeitado". O prof. Tércio Machado Siqueira, em estudo publicado no site da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, afirma o seguinte: “O livro de Salmos possui a maior ocorrência, de toda Bíblia, dos termos ‘justiça’ e ‘direito’. Em se tratando do hinário do Templo, usado nas celebrações comunitárias, é surpreendente esta constatação. O culto, no AT, estava intensamente preocupado com a justiça. Os salmos bíblicos mostram inúmeros exemplos de como o povo bíblico entendia a ‘justiça’. É importante notar que as palavras ‘justiça’ e ‘direito’ estão sempre próximas dos termos ‘amor’, ‘bondade’, ‘fé/fidelidade’, ‘paz’ entre outras”.
Assim, o termo “justiça” não tem a ver com legalidade, tribunal, punição, mas com o viver correto, decisões baseadas no amor, na fidelidade. Por isso, logo a seguir no Salmo 111, temos uma fala acerca da aliança. Vivemos num mundo em que a edificação das carreiras das pessoas tem se estabelecido sobre alianças espúrias, corrupção, venda de influências, pisando por cima dos menos favorecidos e enfatizando o sucesso pessoal como critério para o reconhecimento das pessoas. Mas as obras de Deus se baseiam na justiça e na verdade. É esta base que lhe permite estabelecer a aliança com seu povo: Ele é bom e confiável! Como as pessoas se sentem no relacionamento com você? Elas podem confiar em você? Você atende com fidelidade aos seus compromissos? Cumpre seus votos? Hoje é uma oportunidade de autoanálise para todos nós!

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (v.10)
Você quer edificar seus projetos, sonhos e ideais de modo a que eles permaneçam, que sejam dignos de estudo, provedores de conhecimento, baseados na verdade e na justiça? Tema a Deus! Muita gente tem desqualificado o temor do Senhor nos dias de hoje. A equivocada ênfase no amor de Deus tem tirado nossa capacidade de perceber que temer ao Senhor é fundamental. Não se trata de um medo paralisante, porém. Trata-se, principalmente, do temor respeitoso, do medo de magoar. Temos de ter em mente que entristecer ao Senhor com a forma como conduzimos nossa vida é falta de sabedoria. Preocupar-nos com o que Deus pensa, examinarmos as Escrituras em busca de sua vontade, exercitar a oração e a indagação constante por seu querer é adquirir o que o salmista chama de “bom senso” ou “prudência”. E a pessoa prudente garante sucesso em seus objetivos. Aquilo que ela faz, prospera.

Conclusão
Imitemos o Senhor nosso Deus! Quando ele faz alguma coisa, ele a faz de modo que ela produza conhecimento, seja permanente, calcada na justiça e no direito. É nosso dever, frente a essa postura de Deus, agir com temor, para construir com prudência e bom senso! Só assim, seremos como o Pai, cujas obras “duram para sempre”!

Referências:
Bíblia TEB, São Paulo, Loyola, 1994.
Bíblia de Jerusalém, São Paulo, Paulus, 2003.
SIQUEIRA, Tércio Machado. Disponível em: http://www.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/estudos-biblicos/deixa-estar-por-enquanto-porque-assim-nos-convem-cumprir-toda-a-justica, acesso em 24, fev., 2012.

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