Quando eu era criança, cantava um cântico com a letra assim: "Eu tenho um amigo que me ama, que me ama, que me ama. Eu tenho um amigo que me ama. Seu nome é Jesus. Que me ama, que me ama, que me ama com eterno amor". Como é interessante a tríplice afirmação do amor nesse cântico! Será que a pessoa que escreveu estava pensando na trindade? Mistérios...
Mas não sei por que, dizem que três é número de forca. Acho que porque uma coisa três vezes dita, ou fica clara ou nunca é absorvida. E eu tenho de entender melhor isso do amor de Deus.
Sim, Deus me ama incondicionalmente. Isso não significa, porém, que eu posso fazer e agir de acordo com o que me der na ideia. O amor de Deus não muda, mas sua justiça não deixa passar a minha injustiça. Como pai amoroso que é, Ele vai dar um jeito de me mostrar que as coisas não irão terminar bem se eu seguir fazendo do meu jeito. E até acredito, do fundo do coração, que Deus não precisa mesmo castigar ninguém. As consequências de nosso erro a gente colhe sozinho mesmo... não se pode andar à beira do precipício indefinidamente. Uma hora a gente escorrega, se escorregar cai. Se cair, machuca...
Sim, o amor de Deus é grande, infinito. Mas só porque a gente tem as coisas em grande quantidade, isso não significa que podemos desperdiçar. Não é por causa do amor de Deus, é por nossa causa. Ele não tem limites, mas nós precisamos ter. Sem disciplina, nos perdemos. Nossa megalomania nos impede de enxergar nossa pequenez, enquanto o altruísmo divino o incentiva a refletir-se até mesmo nas pequenas coisas...
Sim, Deus é meu amigo. Um amigo de verdade, que me fala o que os outros somente dizem pelas costas. Ele não tem medo de me confrontar, porque sua intenção é para o meu bem e eu sei disso. Sei porque ele se deixa conhecer. Porque ele odeia a hipocrisia. Porque ele prefere que eu o ame pelo que ele é, não pelo que parece ser. Porque ele me permite aborrecer-me com seus designíos, já que leva em conta minha limitada capacidade de entendimento. E me perdoa quando me equivoco, porque ele sabe que eu sou, de fato, uma ovelha. Não enxergo um palmo a frente do nariz, embora me considere visionária. Sim, ele é meu amigo. E vai até às últimas consequências para me mostrar isso. Só não permite que eu desvalorize esse sentimento: eu sou amiga dele quando faço o que ele manda. E ponto final...
Ele me ama, me ama, me ama... apesar de tanta insistência, por que às vezes eu esqueço disso? Por que não posso corresponder, amando a ele sobre todas as coisas, amando as coisas que ele fez e amando as pessoas, que são à sua imagem e semelhança? Sim, ele é meu amigo. Eu é que preciso me esforçar, a cada dia, para ser a amiga que ele merece. Sim... ele merece...
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