“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.
Porque se um cair, o outro levanta o seu
companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o
levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como
se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o
cordão de três dobras não se quebra tão depressa.” (Eclesiastes 4.9-12)
Introdução
Hoje, mais uma vez esta igreja se
enche de pessoas para celebrar um casamento e o início de uma nova família. É
sempre bom e renovador este momento. Com ele, expressamos nossa fé de que por
mais que o diabo se levante contra a família, nós continuamos a crer que é
possível viver um casamento abençoado, estar com os queridos ao longo dos anos
com alegria, vitória e satisfação, criar uma família e sustenta-la, apesar das
lutas.
Fiquei pensando no que dizer...
Imagino que a coisa de que primeiro nos esquecemos num casamento é o sermão que
é dado! Lembramos das damas, da elegância das madrinhas, do lindo vestido da
noiva, dos salgados do casamento (e às vezes a gente até reclama porque sempre
comemos pouco nas festas!)... Mas não viemos aqui para um momento social.
Viemos aqui porque acreditamos que toda esta festa e beleza existe porque
queremos começar nossa vida conjugal sob a bênção de Deus. Porque entendemos
que a solenidade desta cerimônia nos fará lembrar sempre que proferimos votos
diante do Senhor e, por isso, a vida, o mais sagrado de tudo o que existe, está
debaixo da aliança que fazemos com Deus e com nosso cônjuge. Não é impossível,
infelizmente, que essa aliança venha a se romper. Por isso, cuidar dela,
mantê-la viva é essencial. Só onde existe a ação plena de Deus é possível crer
no milagre que vence todas as barreiras...
Assim sendo, quero convidar
vocês, Divânia e Cláudio, suas testemunhas, familiares e amigos a receber este
sermão como meu presente de casamento para vocês. Que ele esteja entre as
toalhas, talheres, panelas e cobertores que vocês ganharam e levarão para sua
casa nova hoje. Que ele seja usado por vocês no dia-a-dia com a mesma
naturalidade dos pratos, garfos e panelas, para alimentar vocês. Que ele seja
como a toalha nova que envolva vocês e preserve a pureza e a limpeza gostosa do
banho. Que este sermão seja como o cobertor que aqueça vocês nas noites frias.
Ou como o ventilador que refresque o calor dos dias mais quentes... Este sermão
não é para ser esquecido, mas usado. Presente de casamento que a gente não usa
não adianta nada...
Meu presente para vocês
Bem, Divânia, você é professora
numa escola do ensino fundamental. Então, meu presente vai ser bem útil para
você lembrar.
Uma folha de papel: O papel é a base do seu trabalho. Nele, você
ensina às crianças as primeiras letras, a como segurar o lápis corretamente, a
desenvolver a coordenação para a escrita. Essa folha de papel é para você
lembrar o conselho de Deus para o sucesso do seu casamento: “Não se aparte da tua boca o livro desta
lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito;
porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.” (Josué
1.8). A vida conjugal que vocês estão começando hoje ainda é como um papel em branco. Isso
significa que todas as possibilidades estão em aberto. Tudo pode dar
certo ou pode dar errado. Depende de como vocês vão escrever sua história. A
Bíblia nos orienta a escrever segundo os mandamentos de Deus. Se seguirmos a
cartilha do Senhor, nossas chances aumentam totalmente, pois o plano de Deus é
sempre colocar finais felizes em nossa vida. Mas se quisermos escrever nossa
própria história, corremos o risco de sair do “script” divino e encontrar um
final que não vai nos agradar. Esta folha de papel é para você se lembrar de que
Deus é o Supremo Autor. Deixem que ele escreva a história de vocês dois e tudo
será bem-sucedido.
Lápis de cor: Este presente é para vocês se lembrarem de que a vida
deve ser alegre e colorida. Temos de encontrar tempo para brincar, sorrir,
divertir-nos e curtir um ao outro. É preciso aprender a ver a vida com olhos
novos. Minha filha de quatro anos colore gatos vermelhos, sóis verdes e pessoas
roxas... Muitas pessoas gostam de ter receitas prontas para a vida e com isso
perdem a possibilidade de viver algo novo, gratificante e generoso da parte de
Deus. Mesmo que haja dias cinzentos, os lápis de cor nos lembram os sentimentos
bons, talentos e oportunidades que Deus nos dá de fazer nossa vida ser alegre e
gratificante. É como diz Eclesiastes 5.14: Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa:
comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou
debaixo do sol, todos os dias de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua
porção. (Eclesiastes 5.14)
Apagador: O apagador é usado para limpar o
quadro-de-giz e escrever algo novo. Ele é muito útil na vida conjugal também.
Porque viver junto com alguém é um exercício constante de nossas emoções e, se
existem coisas que devem ficar registradas para sempre, há também aquelas que
devemos logo apagar, para não se tornarem raízes de amargura que afetam o
relacionamento. Jesus disse, a respeito disso, certa vez, a Pedro: “Se teu irmão pecar contra ti sete vezes no
dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe”.
O perdão é necessário muito mais a nós do que ao outro. Se não perdoamos, é
como ficar constantemente lendo a mesma escritura. Não podemos aprender algo
novo, porque o quadro está ocupado com a escrita antiga. É preciso apagar para
dar possibilidade de escrever uma nova lição, uma que fale de alegria, de
comunhão e de recomeços...
Existem outras coisas que eu poderia listar para você, Divânia, mas essas
três já são um bom ponto de partida. Também é preciso sobrar um espacinho para
o Cláudio, né? Ele é vigilante. Essa profissão é muito bíblica, porque várias
vezes Jesus falou: “Vigiai e orai”... Neste trabalho, também existem pelo menos
três objetos que nos falam muito a respeito do relacionamento conjugal:
As chaves: Ser um vigia de uma empresa é um cargo de
muita confiança. É preciso ter acesso aos lugares que outras pessoas não têm
para fazer bem o trabalho. As chaves abrem as portas e permitem esse acesso e
elas só são dadas às pessoas nas quais confiamos. Ao se encontrarem e até
chegar ao dia de hoje – e mais ainda, daqui para a frente – vocês têm dado e
darão um ao outro cada vez mais acesso ao que é mais precioso na vida humana:
seus corações, sentimentos, sonhos e esperanças. A chave do nosso coração só a
podemos dar a quem adquiriu nossa confiança, a quem podemos entregar nossos
tesouros mais profundos da alma. Por isso, uma das figuras usadas no livro de
Cantares é exatamente essa, da amada que abre a porta ao amado: “O meu amado pôs a sua mão pela fresta da
porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para
abrir ao meu amado, e as minhas mãos gotejavam mirra, e os meus dedos mirra com
doce aroma, sobre as aldravas da fechadura.” (Cantares 5.4-5).
A arma: Não sei se é o seu caso, mas muitos vigias
portam armas. A arma é uma forma de defesa do patrimônio da empresa em caso de
alguma ameaça mais forte. É claro que nós condenamos qualquer tipo de
violência, mas a arma nos diz, indiretamente, a respeito da proteção. Um vigia
não tem uma arma para sair atirando por aí, mas para defender a empresa em caso
de ataque. No relacionamento conjugal, devemos estar atento aos ladrões: a
rotina, a falta de perdão, os ataques insistentes do mundo e do diabo, as
pequenas coisas que minam os relacionamentos... Devemos proteger nossa vida
conjugal de todos esses ladrões. Para
isso, a arma que temos é a Palavra de Deus. Ela é nossa proteção: “Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda
bem a tua alma, que não te esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm
visto, e não se apartem do teu coração todos os dias da tua vida; e as farás
saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos”, diz Deuteronômio 4.9.
Vocês devem guardar um ao outro em oração, na leitura da Palavra, devem guardar
os votos que hoje fazem, porque eles são a palavra que vocês empenham junto a
Deus... Existe um preço a ser pago quando não cuidamos bem de nossa arma. Se
ela ficar suja e empoeirada, pode falhar na hora em que mais precisarmos. E se
a arma falhar, nós ficamos à mercê da violência do assassino, do ladrão, do
bandido. É preciso estar preparados e atentos, é preciso “guardar o patrimônio”
e de antemão evitar qualquer assalto. Sem a Palavra de Deus, não há proteção no
lar... Nunca se esqueçam disso!
A lanterna: Muitas pessoas que trabalham com vigilância
mantêm sempre uma lanterninha consigo. É a garantia de luz, de poder enxergar o
perigo quando a escuridão da noite ou do local for muito forte. A vida conjugal
precisa de luz. Temos de manter iluminados os nossos corações. As trevas podem
nos levar ao tropeço, à confusão. Há muitas trevas no mundo que nos cerca hoje
e essas trevas querem invadir a família. Quantas brigas, separações, mortes,
violência existem dentro das nossas casas? Quantas palavras de desamor? Quantas
traições e enganos e isso de muitas maneiras diferentes e não apenas da
infidelidade sexual propriamente dita? São trevas... e elas devem ser banidas.
Nossas melhores lanternas são nossos olhos, disse Jesus: “A lâmpada do corpo
são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá
luz” (Mateus 6.22). Um olho bom é aquele que só vê o melhor, que vê com
mais possibilidade o bom do que o mau, que acredita em quem ama e valoriza.
Existe um ditado que diz que a grama do vizinho é sempre mais verde. O problema
não está na grama do vizinho, nem na nossa própria grama, mas na capacidade de
nosso olho em enxergar que aquilo que não temos é sempre melhor do que o temos.
E quando caímos neste erro, podemos perder tudo... Porque o que temos, temos de
acreditar que nos foi dado por Deus. Temos de manter nossas lanternas acesas e
temos de foca-las nos nossos próprios tesouros, não em outros. Temos de
proteger o nosso patrimônio, mantendo-o sob a luz do nosso cuidado mais
intenso, do nosso amor mais profundo...
Conclusão: Bem, esses são os meus presentes de casamento para
vocês. Não são sequer originais, pois são aquilo que vocês já têm, que está
diante de vocês todos os dias. Cada vez que vocês forem trabalhar e pegarem
seus instrumentos para isso, quero que se lembrem do dia de hoje, deste sermão
que é um presente para toda a vida. Desejo que vocês possam, no contexto do seu
lar, saber valoriza-lo e que vivam uma vida boa, alegre e feliz para sempre.
Sabendo que ser feliz não é para poucos, mas tão somente para aqueles que, à
semelhança do apóstolo Paulo, sabem que existem espinhos que às vezes ferem
nossa carne na caminhada da vida. Mas como a ele, Deus também nos dá seu
presente precioso, suficiente para nossa felicidade. E o presente de Deus é
este: “A minha graça te basta” (2
Coríntios 12.9)
Nenhum comentário:
Postar um comentário