Sermão do culto de posse na
Oitava Região Eclesiástica da Igreja Metodista
Brasília, 04 de fevereiro de 2017
Na cultura bíblica e também na
nossa, o nome é algo muito importante. Ele está ligado a tradições de família,
histórias que cercam o nascimento, memórias a resgatar... Do mesmo modo, a
gente aprende a preservar o nome: “não pode ter nome sujo na praça”; “tem que
honrar o nome da família”. O nome marca, qualifica, dignifica ou traz desprezo,
opróbrio... Muitos exemplos encontramos, desde Esaú, Jacó, Jesus, até Icabode,
cujo nome marca um momento de derrota e tristeza.
Certa vez, Alexandre, o Grande,
conquistador da Grécia, julgou um jovem que havia abandonado o campo de
batalha. Era um soldado novo, coitado, inexperiente... mas a acusação era
grave. Então, o conquistador perguntou: Como é o seu nome, garoto? E o jovem
respondeu: Alexandre, senhor! Então Alexandre ergueu-se e exclamou com o dedo
em riste: “Então, mude seu proceder ou mude de nome!”. Um covarde não poderia
ser chamado pelo mesmo nome do conquistador.
O texto bíblico acima diz que,
até então, os cristãos eram conhecidos como os “do Caminho”, talvez em
referência à frase de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Mas agora,
em Antioquia, há uma relação direta entre os seguidores e o mestre. Eles são
chamados de cristãos, que quer dizer “pequeno Cristo”. Em todo o lugar por onde
eles e elas passavam, havia uma identidade, uma relação direta, que impedia que
houvesse um reconhecimento de outra forma senão pelo nome do seu Mestre. Era
uma igreja digna do seu nome.
Sobre nós, neste tempo, repousa o
mesmo desafio feito ao jovem do exército de Alexandre. Que o nome de Cristo,
que carregamos sobre nós, é um nome de peso de glória. Não podemos correr o
risco de desonrá-lo, renegá-lo ou agir de modo contrário ou inferior à
dignidade dele. Eu poderia falar muitas coisas sobre a Igreja de Antioquia que
expressam as formas pelas quais aquela comunidade. Mas gostaria de destacar
apenas três, a partir do olhar de Barnabé, que foi designado pelos apóstolos
para ir até lá e ver o que estava acontecendo.
Uma igreja cheia da graça de Deus (Atos 11.23)
A graça de Deus precisa ser
visível na vida de uma igreja que traz o nome de Jesus porque era uma
característica Dele. Jesus “crescia em sabedoria e graça”. Ele ia por toda a
parte fazendo o bem e a graça era marca do Seu ministério. A graça perdoa, a
graça traz alegria. Ela renova, traz leveza. Ela reconcilia. A graça cura. Ela
é favor, doação, abertura de si para o outro, a outra. A graça é a maior marca
do ministério de Jesus porque ela é expressão viva do amor de Deus. A graça se
manifesta salvadora. A graça educa. Quando Barnabé viu a expressão viva da
pregação, que aconteceu no meio de grande perseguição e opressão, ele se
alegrou sobremaneira, porque o resultado da graça é a alegria para viver e para
testemunhar. Essa graça, visível e palpável, o motivou a dedicar-se ainda mais
à obra missionária, fixando sua base em Antioquia.
Uma igreja que anuncia apesar das circunstâncias (Atos 11.19-20)
A igreja de Antioquia se iniciou
porque uma perseguição veio sobre os judeus depois da morte de Estevão. Eles se
espalharam por toda a parte, mas não conseguiram conter o anúncio da boa nova
somente à sua etnia. Eles começaram a contar a todo mundo. Homens e mulheres
gregos começaram a ouvir de Jesus e a responder com fé ao Seu chamado.
Jesus também não olhou os limites
da religião, das condições sociais ou econômicas. Ele anunciou Sua palavra nas
cidades grandes e pequenas; falou a pessoas de todos os jeitos e de todas as
origens. Jesus não Se intimidou pelas ameaças ou pela cruz.
Uma igreja digna do nome de Jesus
é uma igreja missionária, evangelizadora, que vai ao encontro das pessoas em
suas condições mais precárias com uma mensagem viva. É uma igreja que muda a
história de pessoas, famílias e nações. É uma igreja relevante em qualquer
aspecto em que toque a vida dos outros e outras. É uma igreja viva e
vivificante.
Uma igreja que vive em unidade (Atos 11.24)
Jesus sempre disse que a unidade
entre Ele e o Pai era um sinal para a igreja. Que também devíamos ser um. Até
hoje temos dificuldade em tentar explicar por que existem tantas igrejas no mundo.
Nossas divisões escandalizam. Esperamos aquele dia em que Deus corrija esses
nossos equívocos e nos faça um só povo e um só pastor.
Isso não nos impede de olhar para
a igreja de Antioquia. Era uma igreja miscigenada, com gente de várias origens
diferentes, como vemos em Atos 13. Mesmo assim, ela se unia em torno da missão.
Ela enviou missionários e formou muita gente nos caminhos de Deus. A unidade é
a expressão máxima da presença de Deus. Uma igreja digna de ser chamada cristã
precisa caminhar na unidade, pagando o preço disso, esforçando-se para
permanecer juntos.
Mas além das qualidades da
igreja, havia seus líderes. Entre eles, Barnabé. Ele pôde conduzir essa igreja
porque “era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé”. Nós, que somos
pastores, pastoras, líderes de ministérios e de grupos pequenos, missionários,
missionárias, evangelistas, precisamos ser pessoas boas, cheias do Espírito
Santo e de fé para conduzir este povo a uma jornada, de modo que sejamos todos
dignos e dignas do nome de Cristo. Precisamos sondar nossas intenções e nos
colocar sob a cruz de Cristo, imitando ao nosso Senhor, que também era bom,
como testifica Nicodemos, cheio do Espírito Santo, como fala todo o evangelho
de Lucas e de fé – principalmente por confiar a nós a missão de prosseguir com
o anúncio do Evangelho. Precisamos mudar de vida ou mudar de nome. Precisamos
mudar práticas ou mudar de nome. Precisamos ser dignos e dignas deste nome
santo. Sejamos cristãos e cristãs num mundo que carece deste nome de amor.
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