quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Em busca do verdadeiro amor

Graham Horley, da Inglaterra, escreveu certa vez em No Cenáculo: “O amor nos transforma. Podemos identificar as pessoas que começaram um novo romance pelos seus sorrisos, pelo aumento da sua energia e pelo modo como querem falar constantemente sobre o novo amor em suas vidas. (...) Nós demonstramos o nosso amor pelas outras pessoas de muitas maneiras: algumas pequenas, outras mais significativas. Mas Deus não demonstrou Seu amor por nós dando-nos um ramalhete de flores ou uma caixa de chocolates. Ele fez isso dando-nos Jesus Cristo para morrer em uma cruz. Essa é a extensão do Seu amor por nós. Quando nossas raízes aprofundam-se nesse amor, somos fortalecidos e o amor de Deus se revela em nossas ações. Somos transformados, transformadas.”
Todas as pessoas têm necessidade de amar e ser amadas. Elas buscam o amor de várias formas em suas vidas: nas amizades, na família, no trabalho, no namoro, noivado, casamento, nos filhos, nos netos e até nos bichos de estimação. Ao falar sobre relacionamentos amorosos, Provérbios 30.18-19 cita os caminhos misteriosos da águia no céu, da cobra na rocha e do navio no mar. Por que misteriosos?
Primeiro, porque o caminho não está traçado a olho nu. Ninguém vê o mapa da águia quando voa, da cobra quando rasteja na pedra, nem do navio quando está no meio do oceano. Da mesma forma, o caminho do amor não é algo que encontramos pronto, visível. Ninguém sabe exatamente como será enquanto não anda por ele. Por isso, o verdadeiro amor exige coragem. Coragem para enfrentar o desconhecido dos relacionamentos, ajustes e dificuldades que todo encontro pode nos trazer.
A segunda coisa é que este caminho tem as dificuldades próprias. Dizem que a águia voa mais alto do que todos os pássaros. Sua visão é privilegiada, mas ela tem de ter a força de voar acima das tempestades. Por isso é que ela vive o que pássaro nenhum consegue. O amor é do mesmo jeito: a gente tem que voar mais alto, arriscar tudo, dar o melhor de si, para poder viver o máximo que uma relação saudável, amiga, amorosa e feliz pode nos trazer. Já o caminho da cobra na penha faz a gente lembrar do equilíbrio. A cobra não tem braços nem pernas para se agarrar. Ela tem que ter habilidade para achar o melhor lugar na rocha. E tem que ser resistente, porque, às vezes, o sol deixa a rocha pegando fogo! Ninguém diz que o amor é fácil. Viver um amor de verdade exige equilíbrio diante dos problemas, exige resistência diante das tempestades e calores da vida. Como diz o texto bíblico, tem que ser cobra criada para viver um grande amor!
E o caminho do navio no meio do mar? Nos tempos antigos, as pessoas se guiavam apenas pelas estrelas. O caminho do navio no meio do mar tem a ver com olhar para o alto para encontrar a direção. Do mesmo jeito, quando se trata do caminho de um homem e de uma mulher, tem que se olhar para cima, para onde está Deus, em seu trono de glória! Tem que ter os olhos nas alturas para achar o caminho do verdadeiro amor. Por isso, o caminho dos corações apaixonados se parece com o da águia, da cobra e do navio. Porque exige coragem para voar acima das tempestades, equilíbrio e perseverança para vencer as rochas, olhar em Deus para vencer as ondas.
Você quer viver um grande amor de verdade? Siga o caminho de Deus para você!

Resoluções de ano novo (Salmo 90)

Em todo ano novo, costumamos renovar nossas resoluções. São as coisas que queremos mudar em nossas vidas, projetos que queremos finalizar, situações e posições que almejamos alcançar e sonhos que pretendemos se tornem realidade.
O salmista tem uma resolução de vida que desejo tomar para mim em 2008: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Há um hino que cantamos no louvor, o qual afirma: “Quero aprender com meus erros e não mais cometê-los”. Avançar no caminho da sabedoria e da santidade é isso: ter o alvo no alto, buscar crescer à estatura de Cristo, aperfeiçoar em nós seu caráter mais e mais.
Realizar sonhos, alcançar posições, adquirir bens e recursos, adquirir conhecimento... todos esses são alvos desejáveis, admiráveis e dignos, porém o cristão não pode esquecer que vive neste mundo à espera da eternidade. Tem de preparar sua vida, seu ser interior, sua alma para este instante eterno que se abre além. De nada adianta a uma pessoa ganhar o mundo inteiro, disse Jesus, se perder sua alma.
Assim, proponho a cada um de nós, homens e mulheres, que, dentre nossas resoluções de ano novo, esteja a de nos tornarmos pessoas mais sábias aos olhos do Pai. Mais cheias do seu Espírito, mais comprometidas com sua missão, mais ativas em nossos ministérios, mais atentas à Palavra, mais santificadas no pensar, no falar, no agir e no pensar. Sabedoria do alto, não obtida nos bancos de academia, mas nos joelhos dobrados diante do altar.
Não deixemos que os dias de nossa vida simplesmente passem. Contá-los é dar-lhes valor e fazê-los úteis. Perder a conta dos dias é perder a vida e o seu melhor. Ponha seus dias a serviço do rei em 2008. Faça a diferença!

Uma prece de ano-novo (Salmo 20)

O ano-novo em Israel era um tempo muito fértil em celebrações, mormente pela solicitação da bênção divina para o novo ciclo tanto do plantio e da colheita, como do cuidado com os rebanhos e sua procriação, sem deixar de lado a organização da vida humana em termos de família e de estrutura social.
Neste contexto, encontramos o Salmo 20, um salmo que é entendido como uma liturgia em forma de oração, feita no período do ano-novo, em favor do rei, durante o culto festivo em que o próprio Deus era celebrado como rei (v.9: há uma possibilidade de tradução diferenciada das Bíblias na versão revista e atualizada, que seria: “Iahweh, salva-nos, ó rei, que nos ouve no dia em que clamamos!”).
A referência “salmo de Davi” nos indica não diretamente uma autoria, mas a que coleção o Salmo pertence ou que foi utilizado em homenagem à casa monárquica, o que também reforça seu conteúdo como um salmo real.

A bênção da esperança
Resposta em tempos de dificuldades, proteção frente aos perigos, forças para viver a vida diante dos desafios. Esses são os nossos desejos de ano-novo. Diferente não era para o povo de Israel que, em última instância, dependia do bem-estar do rei, das autoridades constituídas, para também usufruir seu próprio bem-estar. Acabamos há pouco o processo eleitoral em nosso país e iniciamos o ano na mesma perspectiva: se tudo der certo lá em cima, nossa vida se torna melhor por aqui! Que haja menos corrupção, mais justiça, mais igualdade... Esse é o nosso sonho.
Nos tempos do povo da Bíblia, essas aspirações eram postas diante de Deus na festa de ano-novo. Muitos autores e estudiosos entendem que o culto de ano-novo em Israel, como acontecia em outras nações, incluía uma espécie de “re-coroação” do rei, uma renovação de votos. E também que o povo, em seus rituais, fazia uma “coroação” de Deus, novamente declarando que o Senhor era sua autoridade máxima.
Os povos ao redor de Israel tinham na figura do próprio rei um deus, o qual era venerado e adorado. Mas embora tivesse igualmente sua monarquia, Israel procurava se lembrar que o rei era um “ungido”, um “messias”, isto é, um enviado de Deus e até simbolicamente algumas vezes entendido como seu filho (ver Sl 2, que é um salmo real; esse entendimento não ocorre nos termos em que compreendemos Jesus hoje, como cristãos, evidentemente), um abençoado, um representante de Deus para servir ao povo. O rei também jamais poderia se esquecer disso. Essa visão de mundo visava a que o rei jamais se outorgaria de mais autoridade do que o devido. Ele governava em nome de Deus e deveria estar submisso Àquele que é o Senhor de toda a terra (Sl 24).
A oração do ano-novo, portanto, era uma bênção que todo o povo impetrava, em nome de Deus, ao rei, desejando que seu governo fosse bem-sucedido. O próprio rei deveria estar pessoalmente empenhado na concretização desse desejo. Para isso, ele oferecia sacrifícios e holocaustos (v.3) e o povo intercedia para que Deus os aceitasse, tornando-se benigno para o rei e, por conseqüência, com seus súditos e súditas em toda a extensão do Reino.
O desejo de um bom ano-novo também estava cercado pelas tradições mais antigas de Israel. O salmo fala da figura de Jacó, o patriarca, e dos lugares sagrados: o santuário e Sião. Os patriarcas rememoram ao povo suas origens como peregrinos, a constituição do povo, as marcas essenciais de sua identidade. E o santuário é um lugar da aparição divina por excelência (1Sm 3; Is 6, entre outros). Portanto, a origem do “sucesso” real deriva da história do povo e da experiência com Deus e não dos projetos e imaginações humanas, mesmo emanados do rei, envolto em toda a pompa de sua corte real.

Certeza de ser ouvido
A segunda parte do Salmo, v.6-9, parece ecoar a voz de um sacerdote, segundo Weiser[1]. Ele declara, de imediato, a certeza de que Deus ouviu a oração: “Agora eu sei que o Senhor salva o seu ungido”. Como se trata de um evento ocorrido durante o culto, muitos comentaristas acreditam que houvesse uma palavra profética que confirmasse a aceitação do sacrifício por Deus e, depois disso, o sacerdote se alegra, proclamando ao povo que a bênção certamente virá, sob a forma da “vitoriosa força de sua destra” ou, em outra tradução, “com os poderosos atos salvíficos de sua direita”. Essa expressão indica tanto os atos presentes de Deus em meio ao seu povo, como a memória dos livramentos passados.
Neste ponto, devemos pensar um pouco em como essa promessa de Deus une, ao mesmo tempo, o passado, o presente e o futuro... Clamamos hoje pelos dias que virão, lembrando que, no passado, Deus já manifestou sua fidelidade. Isso renova as forças e revigora os ossos para os novos 365 dias que se avizinham de nós!
Os versículos 7-9 assumem o tom de fala coletiva e parecem nos indicar a voz da comunidade. Embora agradecida a Deus por ser favorável ao rei, a população sabe que não é somente do exército real que virá a vitória, mas do “nome do Senhor”, invocado aqui como fonte de força e de vitória... Isso me lembra a maneira como Davi enfrenta o gigante Golias (Vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos!). O povo reconhece que existem momentos de fraqueza, mas igualmente é possível novamente erguer-se e manter-se de pé desde que a nossa confiança esteja em Deus. Nossos recursos e forças devem sujeitar-se ao seu poder maior, pois ele, de fato, é o verdadeiro rei, aquele que permanece para sempre. Dele é que vem a vitória que os governantes podem conquistar.
Em tempos de tanta apatia como os que vemos, em que parece que nossos sonhos se desvaneceram e nada mais podemos esperar, esse salmo nos convida a reposicionar-nos diante de Deus. A deixar de lado nossas aspirações humanas, ou melhor, revesti-las da esperança que vem de Deus. Só assim será possível construir um ano-novo realmente vitorioso!
[1] WEISER, Arthur. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994 (Coleção Grande Comentário Bíblico), p.149.

Eu quero chorar (Um texto antigo, mas ainda atual)

“Ó Senhor, Deus da minha salvação,
dia e noite clamo diante de ti.
Chegue à tua presença a minha oração,
inclina os teus ouvidos ao meu clamor.
Pois a minha alma está farta de males
e a minha vida já se abeira da morte.”
(Salmo 88.1-4)

Eu quero chorar quando as coisas não dão certo. Quando estiver cansada, doente, sozinha, quero que as lágrimas, os soluços digam a verdade sobre o que vai na minha alma. Quando me aproximar de Deus em oração, quero que Ele saiba exatamente quanta dor trago dentro de mim. Quero não sentir vergonha de pedir ajuda ao meu próximo, quero ter certeza de que minha irmã vai me ouvir com atenção e compartilhar comigo o fardo de minha vida.
Quero dizer aos quatro ventos que estou triste quando realmente estiver; mas também pular de alegria e cantar quando tudo for bem. Quero fazer tudo isso não por fazer, mas porque confio no poder curador de Deus para minha alma aflita. Porque penso que, se não disser com franqueza quantas coisas sinto, não poderei ser plenamente purificada dessas pequenas e grandes amarguras que podem abafar a felicidade.
Quero expressar meus sentimentos negativos antes que eles, com sua fúria devastadora, tirem de mim toda a alegria que me sobrar. Sei que a vida não é fácil: o trabalho, os estudos, os filhos, as contas... Não sou uma super-mulher, não tenho de dar conta de tudo. Quero poder baixar a cabeça de vez em quando e pedir a Deus um carinho. Pedir ao amigo do lado que me refresque a garganta com um copo de água fria.
Fico pensando nos salmistas da Bíblia e nas perguntas que eles fizeram. Perguntas que são minhas: Por quê? Onde está Deus? Até quando? Tenho vontade de fazer as perguntas, mas fico na dúvida, porque me disseram que é falta de fé. Que posso estar pecando contra Deus quando faço isso. Mas será? Tanta gente já perguntou isso na Bíblia! Será que Deus tem receio das minhas indagações? Será que Ele não pode responder?
Não, não acredito nisso! Sempre acreditei que Ele estava tão perto que podia saber minhas queixas antes que eu mesma pudesse formulá-las! E eu até me sinto mais tranqüila quando penso que Ele pode sondar meu coração... É que às vezes nem eu mesma sei o que tem aqui dentro.
É por isso que quero chorar. Pra poder rir depois, quando o consolo vier, suave e delicado como tudo o que Deus faz. Um consolo perfeito como um dia de sol depois da chuva, como um chá bem quente durante um resfriado, como um beijo depois de um arranhão. Quero chorar porque li na Bíblia que Deus recolhe nossas lágrimas no Seu vaso, e que um dia vai secá-las todas para sempre. É por isso que não quero ter lágrimas guardadas dentro de mim. Vou colocá-las para fora nos meus lamentos de fé, para que sejam esquecidas para sempre. Então, num belo dia, só terei motivos para sorrir...

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...