sábado, 22 de maio de 2010

Santidade de propósito e de vida

William Wilberforce era um jovem parlamentar que estava em pleno mandato quando João Wesley morreu. Ele teve uma profunda experiência com Deus e pensou em abandonar a carreira política e dedicar-se à vida religiosa integralmente. João Wesley lhe mandou uma carta, poucos dias antes de morrer, dizendo a ele que Deus o tinha chamado para, como político, servi-lo e honrá-lo vencendo a escravidão na Inglaterra.
Muita gente associa o chamado de Deus a uma ação pastoral ou ministerial. Não pensa que, sendo membro de Igreja, tem a mesma responsabilidade que a do pastor ou pastora: testemunhar, santificar-se, viver a palavra. Há pessoas cujo chamado é, a seu ver, apenas quando está à frente, liderando. Não é capaz de sentar-se e, de fato, ouvir. Mas a fé vem pelo ouvir. Às vezes, em nossas reuniões, nós, pastores e pastoras, nos queixamos exatamente do oposto disso tudo. Que gostaríamos de sentar, relaxadamente, de coração aberto, e ouvir uma ministração profunda, verdadeira, real, que nos enleve o espírito, que nos alimente.
O chamado de todo crente é para fazer discípulos... Observe se você não é capaz de reunir um grupo de pessoas em sua casa para um jantar ou num salão para celebrar seu aniversário, mas não tem a mesma alegria e entusiasmo para convidar pessoas a estudar a Bíblia com você ou para ir a um culto na igreja. Desde que você aceitou a Cristo, quantas pessoas vieram a ele, inspiradas pelo seu testemunho?
Uma coisa que observo é que, de fato, no ministério pastoral, a gente acaba perdendo a capacidade que o membro tem de influenciar pessoalmente as vidas para Cristo. Sim, discipulamos os membros, mas quando ele quer ouvir algo profundo de Cristo, ele prefere ouvir isto do seu amigo, que conhece e em quem pode confiar, do que do pastor ou pastora, que "ganha para isso"...

William Wilberforce aprendeu o conselho de Wesley e viveu uma vida maravilhosa, para honra do Senhor. Mova-se em busca da santidade de vida pessoal e comunitária. Engaje-se na vida de sua igreja, faça a diferença, sinta-se chamado, pois, de fato, você o é! Sua vida vai mudar para melhor, pois estará no centro da vontade de Deus!

Restitui...

Terça-feira passada, cantaram na igreja este hino, que a certa altura, diz: "Restitui, eu quero de volta o que é meu. Sara-me, põe teu azeite em minha dor". Sim, há momentos, situações e sentimentos em relação a minha vida, ao meu coração e a Deus que eu gostaria muito mesmo de ter de volta. Mas, pensando bem, eu gostaria de ir além, quero que Deus restitua não o que é meu, mas o que é dele. Quero de volta não o que eu tinha, mas o que Deus planejou para mim. Na verdade, talvez a memória que tenhamos do que foi bom para nós seja enganosa, quando o presente nos atribula. E, de fato, a nostalgia religiosa (os tempos antigos é que eram bons) é tão ruim e perigosa quando o ufanismo atual (os outros do passado não tinham a verdade, nós é que temos!).
Para ter de volta o que Deus tem para nós desde o início, temos de fazer algumas confissões. Não estamos vivendo o avivamento, estamos fazendo barulho - e diga-se de passagem, um barulho ruim. Nossa pregação cristã anda muito misturada a modismos, escandâlos, rotina e frieza espiritual. Os pastores e líderes não sabem o que fazer para manter a chama acesa, até em si mesmos. Estamos cansados... Precisamos confessar que nossa dependência tem sido muito mais de nós mesmos, de nossos ideais e programas, do que de Deus e de sua Palavra. Precisamos admitir que não temos tido gosto em estudar sua Palavra como deveríamos, nem percebemos sua voz sobre as grandes águas...
Numa coisa o hino está certo: leva-me a águas tranquilas e refrigera minha alma. Para renovar as forças, para reavivar-se, é preciso dar um tempo à mente e ao coração. Hoje, ao menos, parar de pensar nos problemas, nas impossibilidades, nas saudades, nas necessidades. Pensar só em Deus. Usar a imaginação para vê-lo chegando-se a cada um de nós, pessoalmente, estendendo debaixo de nós seus braços eternos (Dt 33.27). Ter a alegria da presença de Deus, para além de quaisquer rituais, cultos e liturgias - e neles também... Eu quero isso de volta - o encontro com Deus nas tardes, no jardim... poder estar diante dele como sou, sem disfarces, sem medo da nudez, que não é do corpo, mas da alma. Sem segredos, como ele queria no começo de tudo... Sim, Deus! Restitui... eu quero mesmo é o Paraíso antes da queda...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma hora tão triste (Ricardo Gondim)

O Getsemani foi a tua hora mais triste. Suaste sangue em teu exílio no fundo do outeiro. Foste traído. Estavas só, rodeado de amigos sonolentos.

Também vivo o meu exílio. A minha hora mais triste se arrasta faz anos. O dia mau chegou não sei quando, e se alonga perigosamente. Tenho medo. Não, não temo transpirar sangue, a ferocidade do sofrimento me amansou. Já me acostumei. Receio perder o rubor, embaçar os olhos e amargar a boca.

Minha dor lateja, queima, lacina. Enfraquece e rouba a iniciativa. Sem fôlego, converso sem graça. Para distrair, ando em círculo, deito na rede, abro a geladeira, corro os olhos no livro. Depois de cinco páginas, dou-me conta, enquanto lia pensava no vazio. Saio e dirijo, mas não lembro por onde passei. Deito e os pensamentos se desorganizam. A memória vira vulcão. Projetos mal acabados, decepções amorosas, espetadas de ex amigos, delírios religiosos, tudo explode e não concilio o sono.
Tento polir o passado com a ponta dos dedos, cerzir os erros, imaginar os outros caminhos que nunca escolhi. Tudo vão. Corro léguas para criar espaço entre coração e mente. Tudo vão. Ajoelhado, grito o Lamá Sabactani. Tudo vão. Recuo para não blasfemar. Tudo vão. Espero misericórdia. Tudo vão. Mudo o nome para Sísifo. Tudo vão.
A dor sepulta minha pouca leveza, sufoca minha rara espontaneidade, solapa o meu frágil entusiasmo. Não vejo benefício, funcionalidade ou propósito em gemer. Não fui punido, não pago por maldades de vidas passadas, não sou alvo da ira divina. Cumpri os mandamentos, chorei todos os pecados, lamentei as inadequações, penitenciei as omissões. Não é possível que ainda precise padecer tanto.
A dor não aceita explicações.  Ela se assenhorou de mim. Agora ordena que a respeite como dona da minha sorte. Mesmo sem querer, aprendi a obedecê-la. Reconheço que nunca hei de derrotar a dor; por enquanto, só quero aprender a conviver com ela.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cansaço de alma



"Minha dor e a causa dela.
A ninguem ouso falar." (Camões)

Existem dores que não são do corpo, não se curam com remédios, não desvanecem com terapias. São dores de alma. A alma, quando dói, só quem sente é que sabe. Não há lágrimas que sejam suficientes. A sensação de dor é tátil, mesmo quando o corpo não traz marcas, nem cortes. Já senti umas dores de alma... algumas até me parecem mesmo que são eternas. Paulo resolveu seu dilema de dor de alma, dando a ele um propósito: para não engrandecer-se diante das revelações recebidas. Era para isso que servia seu "espinho na carne", sua dor insuperável.
Também tenho tentado achar um propósito para as minhas: aprender a compadecer-me. Já fui muito arrogante e dona de uns pensamentos que não devia ter - pensamentos que me levaram a julgar indevidamente situações e pessoas. Até a sentir-me inalcansável por certas coisas que pareciam só acontecer a outros. Até que alcançam, já que todos somos humanos e, no fim, nossas dores são as mesmas, você sabe...
Por isso, ao invés de endurecer-se ou amargurar-se, é preciso buscar o caminho de transformar qualquer problema em bênção. Aprendi isso com um pastor conselheiro, homem de dores, que sabia o que era sofrer, mas nunca se entregou. A força dele me acompanha em todas as minhas dores de alma - que, afinal, graças a Deus, não foram tantas... agora que vejo com olhos mais humanos quanta alma doendo existe por aí. E o fato de doerem não é porque sejam almas doentes; algumas, inclusive, sãs não fossem jamais poderiam suportar a insanidade de sua dor.
O salmista, vendo que a dor parecia vencer sua alma, fez-lhe um lembrete: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas? Espera em Deus..." Tenho me feito este lembrete ao longo da minha vida, quando minha alma se agita... tento me lembrar dos conselhos bíblicos (se te afliges no dia da angústia, tua força é pequena). Tenho pensado que coragem é admitir o medo e, mesmo assim, seguir adiante. Que perdoar, aceitar, amar e conviver com os seres humanos é uma tarefa árdua, mas se Ele, que era Deus, aceitou isso como uma oportunidade, devo fazer o mesmo... Afinal de contas, há muitos que pensam ser difícil conviver comigo, outro humano desses seres...
E quando a alma dói um pouco mais, penso na dele, que sabe o que é sofrer... e me diz: "Eu te aliviarei"!

Quando ninguém está vendo...

Reputação é o que as pessoas pensam a meu respeito. Caráter é o que eu sou quando ninguém está me olhando.
O que você faz quando ninguém está olhando? Você trabalha tão intensamente quando ninguém está observando você? Você é confiável e responsável mesmo quando nenhum par de olhos está vendo você?
Uma vida bem-sucedida depende do que você faz quando se tem absoluta certeza de que ninguém está vendo. O atleta olímpico que ganhou uma medalha de ouro e que teve sua apresentação assistida por milhões de pessoas ao redor do mundo é o mesmo que investiu muitos anos de treinamento quando ninguém estava olhando. O empreendedor milionário e bem-sucedido investiu anos e anos de trabalho quando ninguém estava vendo.
O que você está fazendo hoje quando ninguém está olhando?
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139:23-24)
(Não sei a autoria, mas esta é uma excelente reflexão...)

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...