quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Compromissos

Correndo o dia todo, lendo, lendo, escrevendo, escrevendo, lendo outra vez... meus olhos estão cheios de palavras... o resto, ainda não sei... parece que desperto pra vida quando escuto os risos tão livres das minhas filhas... doidinhas pra crescer... sabem de nada... Eu queria ser Peter Pan em certos dias, ter uma terra do nunca pra ir, não pensar em ficar grande... Jesus tava certo, o reino deve ser mesmo das crianças. Gente grande perdeu o jeito para o encantamento que o céu requer...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Saudades de mim

Ando com saudades de mim. Parece engraçado, mas acho que no corre-corre da vida, das filhas, do ministério, de repente eu me perdi de mim. Ando querendo marcar um encontro comigo. Conversar sobre as coisas, saber como eu estou indo... Quando encontro comigo no espelho, apressada para um compromisso, até me pergunto: "Tudo bem?", mas não tenho tido tempo para me responder, nem para me ouvir. E talvez nem tudo esteja tão bem... Talvez eu esteja precisando desabafar, mas ando tão corrida que não dá tempo... Deixo para outro dia, que nunca vem...
Ando com saudades da minha risada, da cor dos meus olhos, dos meus cabelos que, de repente, estão embranquecendo (e sem falsa modéstia, acho mesmo que antes da hora). Outro dia me deparei com uma ruga e nem vi como ela foi parar lá. Parece que nem sou eu... Tudo bem... Vou confessar que parte desta nostalgia de mim é porque resolvi voltar ao passado. Não se deve fazer isso sem aviso prévio... Arrumando o guarda-roupas, encontrei meus antigos cadernos de poesia. E uma estranha se apresentou diante de mim, dos dez aos quinze ou dezesseis anos. E embora eu reconhecesse a caligrafia (que era mais legível antes de eu ter computador), eu poderia jurar que não era mais a Hideide. Não a conheci... Ela cresceu e ficou tão diferente! Meu Deus, me deu um nó no estômago. E fiquei assim, com vontade de vê-la de novo... ela gostava muito de cantar e escrevia às vezes mais de dez poesias por dia... Ela chorava à toa e tinha a cara cheia de espinhas... Ela usava umas saias compridas, totalmente fora de moda e era tímida pra caramba. Mas boa gente, cultivava amizades de mais longa data. Sabia contar histórias, era crente de nunca faltar a culto algum. Lendo o que ela escrevia sobre sua fé, me tomei de inveja de mim mesma. Ela sabia pouco da vida - ou sabia mais do que eu.
Sim, a gente não pode voltar ao passado sem aviso prévio. Em muitos aspectos, até posso dizer que gosto mais de mim como sou hoje. Mas lá no fundo, sinto saudades de quem eu era, de como acreditava mais na vida e nas pessoas. Vejo minha filha com tanta pressa de crescer... Eu queria poder fazê-la entender que não vale a pena correr... Gente grande é muito chata... bom mesmo é ser criança... ai, que saudade de mim...

Um poema adolescente

Na sexta série, a gente estudou os textos do período chamado realismo. Carlos, nosso professor de literatura, nos desafiou a escrever um poema no estilo daqueles escritores. E hoje, olhando meus caderninhos de 1980, reencontrei o meu... que engraçado... nostálgico... acho que estou ficando velha...


Adeus
Já não há mais festa ao redor,
e findou-se o tempo de parabéns.
Estamos a sós, com nossos conflitos.
Já não há mais palavras de amor,
nem gestos de infindo carinho.
E ainda assim não sabemos partir.
Vivemos como dois estranhos
mas somos tão íntimos que é o fim.
Falamos línguas iguais, mas entendemos diferente.
Onde fica o amor nessa hora?
Onde ficam os gestos, as carícias?...
Estão no vácuo do nosso egoísmo!
E nos cansamos de nós.
Se lá fora, na noite, brilham estrelas,
brilham para todos, menos para nós.
Nossos olhos só contemplam as nossas feridas
e filosofamos sobre tudo e nada.
Paramos em frente ao espelho
para contemplar palidez e fealdade.
Não nos interessa o amanhã:
a dor de hoje nos basta.
Para que recordar o passado tão feliz e belo,
se a pureza daqueles dias se foi
sem nunca sequer ter existido?
Mas, ainda assim, quando a porta,
a porta da rua se abre, me convidando a sair,
eu fito a sala ao redor de mim,
e em cada canto percebo um pedaço de nós.
E nas lágrimas de meus olhos se refletem as suas,
num pedido mudo, gritando pra mim:
Fica, fica por favor!
E eu olho a rua, tão escura e fria.
E eu olho a casa, tão escura e fria.
E eu olho pra mim, tão fria e só.
E fecho a porta da rua.

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...