Uma das maiores necessidades humanas é a liberdade. Essa palavra está
na base da constituição de quase todos
os países democráticos e autônomos politicamente. Sempre recorremos a ela
quando sentimo-nos cerceados em nossa vontade de fazer alguma coisa. Muita
gente a conecta a um status econômico, social, político. As crianças e
adolescentes imaginam que serão livres quando não precisarem prestar contas a
ninguém. Ao crescer, descobrimos que, por esse prisma, nunca seremos, de fato,
livres.
O pensador Rosseau diz que “o homem nasceu livre e em toda parte se
encontra algemado”. Ele compreende que, muitas vezes, uma sociedade pode impor
sobre as pessoas humanas muitas coisas que as aprisionam, sem que elas ao menos
se deem conta disso.
Por outro lado, Aristóteles dizia que uma pessoa livre é aquela que é
senhora de sua vontade e escrava de sua consciência. Isso é, a pessoa realmente
livre não é aquela que faz o que quer, mas aquela que sabe fazer melhores escolhas.
Portanto, a liberdade implica maturidade. Tanto para
perceber o que nos aprisiona em nosso caráter, desejos, vontades e de que
maneira podemos criar consciências fortes o suficiente para romper os mais perigosos
grilhões e algemas: aqueles que não podemos ver e que são os mais difíceis de
romper.
O apóstolo Paulo nos afirma que a liberdade em Cristo não é
para dar ocasião à carne. Para os profetas bíblicos, o homem realmente liberto
era aquele engajado nas causas da justiça, da retidão, do amor a Deus e ao
próximo. Poderiam estar em cadeias, mas agiam como pessoas livres porque seus
corações não estavam atados a práticas corrompidas. Que desafio!
Em tempos de corrupção, denúncias diárias contra políticos e
desânimo e desesperança, nos lembramos de homens e mulheres do passado que
deram suas vidas pela causa da liberdade. As cadeias, prisões e penas não
limitaram seus espíritos. Fossem eles religiosos, políticos, escritores ou
pensadores livres, esses seres humanos extraordinários deixaram sua marca na
história não porque fizeram o que quiseram, mas o que era necessário. Eram
livres. Não podemos fazer, como igreja, menos do que eles. O desafio nos está
dado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário