quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O lugar e a tarefa de um pastor ou pastora de pastor@s


Quando eu viajei para Nashville, há uns três anos, para participar de uma reunião da Caminhada para Emaús nos Estados Unidos, fiquei na casa da nora do Victor Perez, que era coordenador de Emaús. Conversamos muito. Ela é uma pessoa bem expressiva e muito sensível, com um nome sugestivo: Alma. Enquanto conversávamos, ela me disse que Deus tinha falado a ela que eu tinha sonhos para a igreja dele. Ela me perguntou quais eram e eu contei pra ela algumas coisas que imaginava sempre em meu coração. Coisas que poderiam ser diferentes, coisas que poderiam ser melhores. Imaginações mesmo, algumas muito longe ainda de tudo o que a gente vivia e fazia já naquele tempo. Ela me desafiou a escrever meus sonhos, porque Deus poderia me colocar no lugar de realizá-los. Eu anotei algumas coisas em arquivos de computador, como traços, rastros de sonhos. Não poderia imaginar, desde aquele tempo, que agora apareceria uma oportunidade de, como candidata da minha região, dar visibilidade a esses sonhos. Este é um lugar de fala muito importante. Não importa se a gente venha a ser eleito ou não, não podemos perder a chance de compartilhar aquilo que é um sonho do nosso coração e, mais do que isso, um sonho que, de acordo com minha amiga Alma, Deus estava ouvindo desde aquele tempo.
Tenho orado e conversado com meus colegas, homens e mulheres, do pastorado em minha região e em outros lugares. Muitos deles e delas me falam de suas lutas, dores e dificuldades no ministério. Seus anseios e sonhos. Então eu não sei até onde Deus irá me levar, mas acredito que, num momento em que vários olhares se voltarão para mim e para meus colegas da Região que estão nesta lista, bem como para o nosso bispo, quem sabe a gente não pode construir um projeto na mesma dinâmica de Neemias restaurando os muros? Sem poder largar nossas espadas na ação da igreja local, mas tendo ao mesmo tempo uma visão do todo?
Então eu voltei para casa depois do concílio, li a Palavra, orei. Eu me lembrei de como ficou meu coração naquela noite fria em Nashville, ouvindo a Alma me dizer para escrever meus sonhos. Eu me senti meio Habacuque. E rabisquei umas coisas que quero partilhar com quem quiser sonhar comigo... coisas que Deus tem trazido ao meu coração não só agora, mas de um tempinho já...
Uma dessas coisas é que o bispo ou episcopisa precisa comprometer-se intimamente a seguir a vocação pastoral. Há um distanciamento entre o episcopado e as demandas do pastorado, por conta da institucionalização dessa função. Há que se resistir a esse sistema de coisas... Às vezes, parece que se esquecem do que é ser pastor ou pastora, o chão da missão mesmo... Eu creio que o bispo ou a episcopisa precisa de uma igreja local, na qual possa estar, conjuntamente com sua família, ministrando e recebendo ministração. Não há nenhuma necessidade, em sua função, de que esteja fora da igreja local todos os domingos. Sua agenda pode abrir mão de muitos compromissos não essenciais em nome de uma cabeça e um coração focados na missão e que, desta forma, inspire colegas em seus próprios ministérios. Que vida familiar, com crianças pequenas e um marido ou esposa, pode ser fomentada à distância de tanto tempo fora de casa? Tantas reuniões, representações e viagens que só cansam! Não dão frutos e fazem a gente perder o amor pela evangelização, pela vida diária com a família. Em nosso concílio, todas as vezes é dito que o bispo fica 200 dias fora de casa. Isso não pode ser saudável! E certamente não é bom exemplo para tanta gente com dificuldades em sua casa e família...

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