sábado, 21 de novembro de 2015

O episcopado e a vida pastoral - rastros de sonhos

O episcopado é um espaço de ministração ao corpo pastoral da igreja. Creio ser possível uma redução drástica nessas viagens que nada acrescentam ao processo de cuidado às famílias pastorais. Desta forma, a pessoa no exercício do episcopado poderá e deverá estar presente com mais assiduidade em momentos como retiros e encontros distritais, que ocorrem geralmente durante a semana, sem prejuízo de sua igreja local e com grande ganho para os pastores e pastoras. O investimento correto nessa área pode significar custos mais reduzidos para encontros e possibilidade de ter mais a presença da família pastoral sendo cuidada de perto.
Em sua tarefa junto ao corpo pastoral da Igreja e seus aspectos administrativos, essa pessoa eleita precisa garantir ampla transparência, prestação de contas e fiscalização por técnicos e profissionais de aspectos relativos ao pecúlio pastoral, uma grande fragilidade nacional e que gera incertezas quanto ao futuro da família pastoral. Além disso, as contas da igreja precisam ser abertas sem temores nos concílios. Se a Igreja é uma associação, todos os membros têm o direito de saber o quanto custa cada coisa, inclusive o subsídio. Ninguém reclama do salário de alguém que trabalha bem. Ao contrário, a Bíblia diz que a pessoa que precise bem merece ganhar o dobro. A questão é não privilegiar excessivamente um pequeno grupo enquanto igrejas locais pequenas se sentem inertes para a missão e pastores e pastoras há que se enriquecem - de fato - nesse ofício! Vide igrejas por aí com pastores andando em aviões e helicópteros particulares...
Quanto aos casais em que ambos são do corpo pastoral da igreja, eles não podem ter prejuízo em seu subsídio e trabalho em função de sua situação conjugal. Há que se buscar meios para trabalhar essa questão que se arrasta por tempos esquecidos, em nome de uma pretensa “praxe” que pode acabar por abalar o relacionamento. É uma questão de se examinar a Região como um todo, refletir junto com o corpo pastoral, humanizar o processo de nomeação pastoral. Quando todos e todas realmente querem alguma coisa, sempre há uma saída que "parece bem a nós e ao Espírito Santo".

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O lugar e a tarefa de um pastor ou pastora de pastor@s


Quando eu viajei para Nashville, há uns três anos, para participar de uma reunião da Caminhada para Emaús nos Estados Unidos, fiquei na casa da nora do Victor Perez, que era coordenador de Emaús. Conversamos muito. Ela é uma pessoa bem expressiva e muito sensível, com um nome sugestivo: Alma. Enquanto conversávamos, ela me disse que Deus tinha falado a ela que eu tinha sonhos para a igreja dele. Ela me perguntou quais eram e eu contei pra ela algumas coisas que imaginava sempre em meu coração. Coisas que poderiam ser diferentes, coisas que poderiam ser melhores. Imaginações mesmo, algumas muito longe ainda de tudo o que a gente vivia e fazia já naquele tempo. Ela me desafiou a escrever meus sonhos, porque Deus poderia me colocar no lugar de realizá-los. Eu anotei algumas coisas em arquivos de computador, como traços, rastros de sonhos. Não poderia imaginar, desde aquele tempo, que agora apareceria uma oportunidade de, como candidata da minha região, dar visibilidade a esses sonhos. Este é um lugar de fala muito importante. Não importa se a gente venha a ser eleito ou não, não podemos perder a chance de compartilhar aquilo que é um sonho do nosso coração e, mais do que isso, um sonho que, de acordo com minha amiga Alma, Deus estava ouvindo desde aquele tempo.
Tenho orado e conversado com meus colegas, homens e mulheres, do pastorado em minha região e em outros lugares. Muitos deles e delas me falam de suas lutas, dores e dificuldades no ministério. Seus anseios e sonhos. Então eu não sei até onde Deus irá me levar, mas acredito que, num momento em que vários olhares se voltarão para mim e para meus colegas da Região que estão nesta lista, bem como para o nosso bispo, quem sabe a gente não pode construir um projeto na mesma dinâmica de Neemias restaurando os muros? Sem poder largar nossas espadas na ação da igreja local, mas tendo ao mesmo tempo uma visão do todo?
Então eu voltei para casa depois do concílio, li a Palavra, orei. Eu me lembrei de como ficou meu coração naquela noite fria em Nashville, ouvindo a Alma me dizer para escrever meus sonhos. Eu me senti meio Habacuque. E rabisquei umas coisas que quero partilhar com quem quiser sonhar comigo... coisas que Deus tem trazido ao meu coração não só agora, mas de um tempinho já...
Uma dessas coisas é que o bispo ou episcopisa precisa comprometer-se intimamente a seguir a vocação pastoral. Há um distanciamento entre o episcopado e as demandas do pastorado, por conta da institucionalização dessa função. Há que se resistir a esse sistema de coisas... Às vezes, parece que se esquecem do que é ser pastor ou pastora, o chão da missão mesmo... Eu creio que o bispo ou a episcopisa precisa de uma igreja local, na qual possa estar, conjuntamente com sua família, ministrando e recebendo ministração. Não há nenhuma necessidade, em sua função, de que esteja fora da igreja local todos os domingos. Sua agenda pode abrir mão de muitos compromissos não essenciais em nome de uma cabeça e um coração focados na missão e que, desta forma, inspire colegas em seus próprios ministérios. Que vida familiar, com crianças pequenas e um marido ou esposa, pode ser fomentada à distância de tanto tempo fora de casa? Tantas reuniões, representações e viagens que só cansam! Não dão frutos e fazem a gente perder o amor pela evangelização, pela vida diária com a família. Em nosso concílio, todas as vezes é dito que o bispo fica 200 dias fora de casa. Isso não pode ser saudável! E certamente não é bom exemplo para tanta gente com dificuldades em sua casa e família...

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...