sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Oração de João Wesley para o fim do dia (uma tentativa de tradução minha desde o espanhol)

Todo-poderoso e eterno Deus, soberano de todas as criaturas nos céus e na terra, reconhecemos que nosso ser e nosso bem-estar dependem de ti, fonte de toda a bondade. Nós não possuímos nada, exceto aquilo que recebemos de ti, pela abundância do teu amor e pelas riquezas de tua graça, bendito Redentor!
A ti sejam dadas, por nós e por todas as criaturas a quem tens dado a conhecer quão grande és, toda honra e todo louvor, todo amor e obediência, enquanto vivermos. É nosso dever e sagrado serviço que te demos graças, em todo o tempo e lugar, ó Senhor, e que devotadamente te entreguemos corpos e almas, para que possamos ser completamente governados e dirigidos de acordo com tua santa vontade.
Além disso, te pedimos que aumentes todos os bons desejos de nosso coração. Permite-nos viver sempre como tuas criaturas, como verdadeiros discípulos de Jesus Cristo. Move-nos a amar tuas leis mais e mais, até que estejam escritas em nossos corações. Inclina nossa vontade a amá-las e honra-las como se delas dependessem a nossa vida.
Oh, que possamos entregar a ti nossas vidas, de todo o coração! Que possamos unir-nos a ti definitivamente, com o maior e mais completo amor aos teus mandamentos! Que possa habitar sempre em nós um forte e poderoso sentido do teu amor para conosco em Cristo Jesus, de maneira que nos constranja a agradar-te livre e voluntariamente, no constante exercício da justiça e da misericórdia, da temperança e da caridade, da mansidão e da paciência, da verdade e da fidelidade, junto com um espírito humilde, submisso e aprazível, que é o que deve adornar todos os seguidores de nosso Senhor e Mestre. Que seja sempre a alegria de nossos corações sermos justos, como tu és justo; ser misericordiosos como tu, nosso Pai Celestial, és misericordioso; ser santos, como tu, que nos tens amado, és santo; ser investidos de tua divina sabedoria e ser semelhantes a ti em fidelidade e verdade. Que o exemplo de nosso bendito Salvador seja sempre considerado por nós, para que possamos imitá-lo sempre alegremente com um comportamento santo e nos alegremos em fazer a tua vontade. Permite que esses desejos, que tu nos tens dado, nunca morram ou se enfraqueçam em nossos corações, mas se mantenham sempre vivos, sempre vigorosos e fortes, pela contínua inspiração do Espírito Santo.
Aceita, da mesma forma, nossa gratidão pelo misericordioso cuidado que tiveste por nós durante este dia. E nos entregamos a ti de novo nesta noite. Defende-nos de todos os poderes das trevas e desperta nossos espíritos, junto com nossos corpos, pela manhã, com um profundo reconhecimento de tua constante bondade; que nos anime, durante todo o dia, a fazer o bem sem desanimar.
E os mesmos favores que suplicamos para nós, desejamos para o restante da humanidade, especialmente para aqueles que levam o nome de Cristo. Oh, que cada um deles possa cumprir seus deveres com fidelidade. Que os governantes[1] sejam de um coração compassivo, como pais de seus países e seus governados[2] cumpram seus deveres e sejam obedientes a eles, como filhos. Que os pastores de tua igreja possam alimentar seu rebanho com verdadeira sabedoria e entendimento e que o povo se submeta a eles e siga seus bons conselhos. Que os ricos e poderosos tenham compaixão dos pobres e necessitados e que todos os aflitos possam bendizer os ricos e alegrar-se na prosperidade dos que estão sobre eles. Concede a esposos e esposas, a pais e filhos, a senhores e servos a graça de comportar-se comedidamente em suas diversas relações, para que sejam exemplo da doutrina de Jesus, nosso Salvador, e possam receber a coroa de glória. Em cujo santo nome e benditas palavras continuamos implorando tua graça e tua misericórdia sobre nós e para todo teu povo, em todas as partes do mundo, dizendo: “Pai nosso...”


[1] No original, “reis”.
[2] No original, “súditos”.

O SONHO DE DORCAS: RETALHOS DE ALEGRIA E SERVIÇO


Autoria: Revda. Hideide Brito Torres

(15 PERSONAGENS – UMA CAIXA DIVIDIDA POR DENTRO AO MEIO. DE UM LADO, COLOCAR UMA COLCHA DE RETALHOS. DO OUTRO LADO, O ESPAÇO FICA EM ABERTO PARA CADA PERSONAGEM DEPOSITAR SEU RETALHO, SEM QUE A COMUNIDADE VEJA O INTERIOR DA CAIXA E SE SURPREENDA AO VER A COLCHA PRONTA SENDO LEVANTADA. PROVIDENCIAR UMA COLCHA MUITO COLORIDA)

NARRADOR: Dorcas era uma costureira amorosa e dedicada. Todos os dias, ela fazia roupas para as crianças carentes, para as mães grávidas, para os bebês recém-nascidos, para os idosos da Igreja. (DORCAS ENTRA, SENTA-SE À MESA E VAI COSENDO ROUPAS, AJUSTANDO, ORGANIZANDO A MALINHA DE AGULHAS E LINHAS...) Com sua agulha e linha, Dorcas costurava não apenas roupas, mas também esperança e amor. Ela dedicava seu dom a Deus e servia a todas as pessoas que precisassem. Um dia, depois de muito costurar, Dorcas acabou dormindo sobre seus tecidos. E ela então, começou a sonhar... (DORCAS ADORMECE COM A CABEÇA E BRAÇOS SOBRE A MESA).

(SE QUISER, MÚSICA INSTRUMENTAL AO FUNDO)

NARRADOR: No sonho de Dorcas, mulheres de todos os tempos e lugares estavam costurando uma colcha de serviço e de amor. Cada uma delas trazia ao altar de Deus seus retalhos, os quais iam sendo depositados diante do Senhor. Pareciam pequenos e tão diferentes que não dava para imaginar o que iria dar para fazer com retalhos tão pequenos... As mulheres, porém os traziam com dedicação.

DÉBORA: Eu, Débora, entrego a ti, Senhor, o retalho da coragem, para liderar o povo nos momentos de dificuldade e orienta-lo para obedecer aos teus mandamentos (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

LIA: Eu, Lia, entrego a ti, Senhor, o retalho da maternidade, pois gerei a Jacó muitos filhos, que se tornaram os patriarcas da Nação de Israel. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

SARA: Eu, Sara, entrego a ti, Senhor, o retalho da maturidade, pois já era idosa quando tive um filho e sei que muitas vezes as mulheres idosas são desprezadas, mas sua sabedoria é fundamental para a tua obra no mundo. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

RUTE: Eu, Rute, entrego a ti, Senhor, o retalho da fidelidade, pois quando minha sogra estava desamparada, eu fiquei ao lado dela, para acompanha-la amorosamente em todas as situações. Esse meu exemplo é até hoje lembrado. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

MARIA: Eu, Maria de Nazaré, deposito neste altar o retalho da entrega. Dou a ti meu ventre, meu corpo, para acolher o menino que será o salvador do mundo! (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

JOANA: Eu, Joana, entrego a ti, Senhor, o retalho da mordomia, pois enquanto estavas aqui na terra, eu e outras mulheres te sustentamos com nossos bens para que pudesses pregar a palavra a todas as pessoas. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

MARIA: Eu, Maria, irmã de Lázaro, entrego a ti, Senhor, o retalho da humildade, pois lavei os teus pés com minhas lágrimas e os sequei com os meus cabelos. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

LÍDIA: Eu, Lídia entrego a ti, Senhor, o retalho da hospitalidade, porque quando Paulo chegou à minha cidade, eu o acolhi em minha casa para ouvir a mensagem. E transformei meu lar numa igreja, para propagar as boas novas. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

PRISCILA: Eu, Priscila, entrego a ti, Senhor, o retalho do ensino, porque quando Apolo se converteu, ele precisou de alguém para orientá-lo em tua palavra. E eu e meu esposo, Áquila, o ensinamos, levando-o a ser um mestre da palavra.

ANCIÃ: Eu, a Anciã, entrego a ti, Senhor, o retalho do testemunho, pois João, ao escrever suas cartas, as endereçou a mim falando de como minha vida era importante para que a comunidade conhecesse a Jesus. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

SUZANA WESLEY: Eu, Suzana Wesley, entrego a ti, Senhor, o retalho da vida familiar, pois procurei educar meus filhos e filhas nos teus caminhos, fazendo-os servos e servas fiéis, mesmo em tempos difíceis. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

MARTA WATTS: Eu, Marta Watts, entrego a ti, Senhor, o retalho da educação, pois vim como missionária, dos Estados Unidos ao Brasil. E por causa do meu trabalho, a Igreja Metodista no Brasil abriu escolas e possibilitou a muitas pessoas o acesso à leitura e ao conhecimento. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

MEMBRO DA SOCIEDADE DE MULHERES: Eu, como mulher que integra a Sociedade de Mulheres da Igreja Metodista, entrego o retalho do serviço, porque nós trabalhamos intensamente para que diversos ministérios e atividades de nossa igreja avancem, levando às pessoas a mensagem de Jesus e atendendo ao que elas necessitam. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

PASTORA: Eu, pastora metodista, entrego ao Senhor o retalho do pastoreio, pois com nosso jeito especial de ser e de trabalhar, temos procurado caminhar com teu povo nas igrejas locais, sendo fiéis ao chamado que o Senhor tem nos dado. (DEPOSITA UM RETALHO NA CAIXA E COLOCA-SE NA LATERAL DO PALCO)

NARRADOR: Então, unidas, mulheres de todos os tempos, de todos os jeitos, de todas as cores, de todos os ministérios, de todas as classes sociais, enfim, todas as mulheres que serviram a Jesus, foram costurando seus dons e talentos. Com a agulha da unidade, foram vencendo as resistências dos tecidos da vida. Com a linha do Espírito Santo, foram unindo os tecidos diversos do tempo e do espaço. E a colcha do Reino de Deus foi ficando pronta, quadro a quadro, colorida, vibrante, para enfeitar a casa, que é este mundo, para cobrir todos os que sentem frio e são agora, aquecidos pelo amor de Deus! (AS MULHERES LEVANTAM A COLCHA PRONTA).

NARRADOR: Então, Dorcas acordou de seu sonho e viu que não era apenas um sonho, mas a realidade! Ela também havia dado o seu retalho e podia fazer parte da colcha pronta (DORCAS TAMBÉM PEGA NUMA PONTA DA COLCHA, UNINDO-SE ÀS OUTRAS MULHERES). E você? Que retalho está trazendo para a colcha do Reino de Deus? Seu retalho é muito, muito importante!

(AS PERSONAGENS SAEM DO PALCO)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (liturgia elaborada por mim em 2004)


* Eu entendo as diversas opiniões sobre o tema da unidade, mas, no fim... tive experiências boas nesta área quando era pastora no Espírito Santo. E eu prego onde a oportunidade aparece, então... Segue a liturgia de um lindo culto, que realizamos em Vitória, em 2004. Até representantes de igrejas não dadas ao movimento, como batistas e Maranata, havia. Foi uma linda noite. Embora eu não seja militante específica de nenhuma linha da Igreja, pois sou metodista acima de tudo, não posso negar, como metodista, que o Reino é maior do que a Igreja. Quem gostar, pode usar. Quem não gostar, por favor, respeite. "Acima de tudo, o amor" (Agostinho).

Se alguém me ama, observará a minha Palavra e o meu Pai o amará (João 14.23)

Acolhida
Canto de Entrada: Estamos aqui, Senhor!
(Enquanto a assembleia canta, os celebrantes entram e uma pessoa coloca sobre o altar um tecido branco)

Litania da paz (Alexandre Filordi)
Celebrante: Ouvi os muros das cidades clamarem por paz. Quem poderia ouvi-los?
Todos: O Deus da paz é quem ouve todo clamor pela paz.
Celebrante: Vi muitas vidas sendo oprimidas por mãos invisíveis de um poder sem coração. Quem há de libertá-las para a dança da leveza?
Todos: O Deus libertador é quem pode libertá-las e, com justiça, julgar os opressores.
Celebrante: Provei do amargor das bocas que, durante muito tempo, não têm o que comer e beber! Quem lhes porá mel nos lábios do corpo e da alma?
Todos: O Deus da doçura e do Pão da vida lhes sustentará.
Celebrante: Senti no corpo a agonia das dores que muitos, pelas guerras, conflitos e violência, têm sobre si! Quem será o bálsamo para esta dor?
Todos: O Deus da misericórdia e graça seja cura para toda dor.
Celebrante: Seja Deus a eterna marca de nossa transformação!
Todos: Seja assim, amém!

Entrada da Bíblia

Cântico: Um só rebanho (José Ilídio Freire/Lelia Naly Morris)
(Pessoas entram com a Bíblia e a colocam sobre o tecido branco, aberto, no altar)

Litania das cores da paz (Hideide Brito Torres)

(à medida em que a litania é lida, pessoas vão ao altar e fazem com suas mãos marcas coloridas de tinta no tecido branco)
Celebrante: A paz não é feita só do branco das bandeiras de cessar-fogo. Nossas mãos a constróem no gesto amigo, no amparo afetuoso, na acolhida generosa, no perdão concedido. Sob a Palavra de Deus, que nos inspira e fortalece, queremos ser os que Cristo chamou de bem-aventurados: os pacificadores, os filhos de Deus!
Todos: Queremos fazer a paz com a cor da terra e de seus frutos, para que ninguém passe fome! (uma pessoa faz as marcas marrons no tecido do altar)
Celebrante: Queremos fazer a paz entre as etnias dispersas pelo preconceito (pessoas fazem marcas pretas, amarelas, vermelhas e rosadas no tecido do altar).
Todos: Queremos fazer a paz preservando a água dos rios e mares, pois a natureza também precisa de paz em meio à depredação do meio-ambiente (uma pessoa faz marcas azuis no tecido do altar).
Celebrante: Queremos fazer a paz nas relações entre os países, de modo que os que detêm mais recursos financeiros possam lembrar-se dos empobrecidos (uma pessoa faz marcas verdes no tecido do altar).
Todos: Queremos fazer a paz dentro de nossa casa, para que resplandeçam como o sol os rostos de nossos filhos e filhas, alegres e protegidos da violência em todas as suas manifestações (uma pessoa faz marcas amarelas no tecido do altar).
Celebrante (Elevando em suas mãos o tecido manchado de cores): Dizem que o branco é a soma de todas as cores. Se assim é, por isso o branco simboliza a paz e a justiça. Pois só na convivência fraterna de todas as pessoas, na variedade de cores de suas capacidades, desejos e necessidades, em respeito e afeição, é possível conhecer a paz. Tendo em mente o mandamento de Jesus pelo amor e unidade, oremos.
Todos: Cristo ressurreto e vivo, que da escuridão da morte saíste para resplandecer como o sol da vida, Te louvamos porque o desejo de nosso coração encontra amparo na dinâmica de teu Espírito, que nos fortalece e nos anima. Espírito Santo, que com o brilho do fogo rompeste os limites das línguas para unir os povos num mesmo louvor, Te louvamos porque podes nos conduzir a romper todas as barreiras da inimizade. Deus Santo, Criador e Sustentador da Criação, que com tanta variedade fizeste tudo o que há no mundo, Te louvamos por nos mostrares que o respeito na diversidade é uma das origens da paz. Amém.

3. Confissão

Litania de Confissão

Leitor 1: João 14.23
Celebrante: Senhor, deixa-nos recordar teus mandamentos para a paz, os quais, muitas vezes, não temos cumprido.
Leitor 2: Deuteronômio 15.7-8
Todos: Senhor Deus, protetor dos pobres, perdoa nossa falta de solidariedade.
Leitor 3: Mateus 5.22-24
Todos: Espírito Santo, que sondas os corações, perdoa a dureza de nosso coração.
Leitor 4: Mateus 6.19-21
Todos: Jesus Cristo, amigo dos simples, perdoa nossa ganância e orgulho.
Celebrante: Senhor Jesus, abre nossos olhos para ver; nossos ouvidos para ouvir; nosso coração para sentir; nossas mãos para ajudar. Cumpra em Tua Igreja e no mundo teu projeto de amor e paz nas relações humanas. Queremos ser instrumentos, não um estorvo à Tua paz. Por isso, confessamos os pecados, omissões e desculpas; recebemos Teu perdão que é sem reservas, e damos um passo de fé na direção do Senhor.
Todos: Amém.
Cântico de Confissão: Dona Nobis Pacem (Tradicional)

4. Leituras Bíblicas (do segundo dia)
Cântico: (Paz, paz de Cristo; paz, paz que vem do amor, te desejo, irmão. Paz que é a felicidade de ver em você, Cristo, nosso irmão. Se algum dia na vida, você de mim precisar, saiba que eu sou seu amigo, pode comigo contar. O mundo dá muitas voltas, a gente vai se encontrar, quero nas voltas da vida a sua mão apertar.)

Leitor 1: Deuteronômio 7.6-8: Quando Deus escolhe alguém para estar a seu serviço e ser sinal do seu amor, o Senhor o faz movido, ele mesmo, pelo amor maior. Não devemos fazer menos do que isso, nós que somos alvo desse amor. Devemos amar uns aos outros, na busca da unidade e da paz, como sinaleiros de Deus no mundo.
Todos: Somos cooperadores contigo, ó Deus, para sinalizar a paz no mundo.
Leitor 2: Salmo 25(24) 4-10: Os caminhos de Deus são caminhos de paz. Mas são exigentes, pois não aceitam menos do que a mesma aceitação de uns para com os outros para estarmos juntos nesses caminhos. Conhecê-los e comprometermo-nos com esses caminhos: eis a urgência do chamado à paz!
Todos: Traze-nos de volta, Senhor, quando nosso olhar se desviar do nosso irmão, para não ver seu sofrimento ou seu valor, deixando assim de fazer a paz prevalecer nas relações humanas.
Leitor 3: Lucas 15.11-32: O Pai celeste espera que seus filhos reconheçam o seu amor. Os perdidos, que retornem ao lar. Os legalistas, que vejam que o serviço do Reino não é por obrigação ou mero senso de dever, mas com amor e abnegação.
Todos: Perdoa, Senhor, por queremos apenas os benefícios do teu Reino, desperdiçando os talentos da vida que nos dás. Perdoa-nos também por querermos ser melhores do que outros. Dá-nos a virtude do equilíbrio, para sabermos promover e manter a paz.
Celebrante: Se amamos a Jesus, observaremos sua Palavra e dela seremos ativos praticantes.
Todos: Senhor, guardamos no coração a tua palavra, para não pecar contra ti.

Reflexão


5. Orações da comunidade
Celebrante: (texto de Luiz Carlos Ramos): Do fundo de nossos desencontros, nós te buscamos, ó Deus. Em ti encontramos a paz.
Todos: Porque Tu és a nossa paz.
Celebrante: Em ti encontramos amor.
Todos: Porque Tu és o Deus de amor.
Celebrante: Em ti encontramos a vida.
Todos: Porque és a nossa vida. Amém.
Leitor 5: Façamos nossos pedidos ao Pai, Filho e Espírito Santo, que na unidade da Trindade nos mostram o vínculo da mais profunda comunhão e paz. Sob a inspiração da fé trinitária, possa a Igreja de Cristo no mundo, em suas diversas manifestações e talentos, expressar a mesma paz.
Todos: Recebe nossa oração, Senhor, e usa nossas mãos na promoção da paz.
Leitor 5: Dentro de nossos lares, Senhor, brilhe a luz do Teu amor para que a paz seja alcançada. Pais e filhos, mães e filhas, maridos e esposas sejam alvo da Tua serenidade e de Teu afeto, para que haja paz nos lares.
Todos: Acolhe, Senhor, nossa oração e faz-nos filhos e filhas da paz.
Leitor 5: Dá-nos, Senhor, a capacidade de trocar as muitas palavras duras que às vezes proferimos, por uma única palavra ou gesto que seja sinal de tua paz por onde nós andamos.
Todos: Senhor, fazei de nós instrumentos da tua paz.
Celebrante: Na intimidade do Deus que nos chama a fazer parte de Sua família e com ele estar em relação filial, oramos, como Cristo, nosso irmão maior, nos ensinou.
Todos: Pai nosso, que estás no céu...

6. Coleta e abraço da paz
Celebrante: A paz acontece nas relações entre pessoas. Se não há conflito, mas também não há relacionamento, também não existe paz, apenas indiferença. O gesto do abraço fraterno nos leva a sentir a realidade de que o outro é como eu: também deseja receber atenção, afeto e amor sincero. Sendo amigos uns dos outros, somos amigos do Cristo que abriu seus braços na cruz para acolher em amor toda a humanidade. As igrejas se abraçam na antecipação do Reino eterno, onde a paz, por fim, reinará!
(As pessoas se abraçam em sinal de acolhida mútua)

Liturgia - Abril, mês das vocações (Antiguinha, mas pode ajudar!)

Tema: O corpo da missão – a respeito do mês das vocações (Abril)

Cântico: 431 (Hinário Evangélico)

Leitura Bíblica: 1 Coríntios 12.12-18

Ministério de Louvor

Meditação: Missão em todos os sentidos

Dirigente: Neste mês das vocações, falamos muito sobre missão, chamado, convocação, vocação. Todos os membros do corpo de Cristo são chamados a participar dessa missão, que é de Deus, mas à qual ele nos convida. Nossas mãos fazem missão em nome de Jesus quando servem, quando acalmam, quando sustentam, quando curam. (TER UM QUADRO E COLOCAR AS FIGURAS RECORTADAS - A MÃO)
Leitor 1: Lucas 4.40
Dirigente: Nossos pés fazem missão quando saímos de nossas posições, de nossas posturas, de nossos lugares, e vamos até onde estão os carentes de roupa e de salvação, os famintos de fome e de Deus, os paralíticos de corpo e de alma, a fim de atender a cada um conforme sua necessidade e o chamado divino que nos constrange. (COLOCAR O PÉ)
Leitor 2: Isaías 52.7
Dirigente: Nossa boca faz missão quando anuncia a Palavra de Deus, quando dela saem palavras que denunciam o mal, o pecado e a opressão. Quando emitem cantos de alegria ou de dor, de adoração e de serviço... Quando declamam as palavras da justiça e trazem ao povo a mensagem da salvação! (COLOCAR O DESENHO DA BOCA)
Leitor 3: Salmo 78.1-2
Dirigente: Nossos ouvidos fazem missão quando se inclinam para ouvir a dor e o sofrimento do povo que padece. Quando se abrem para ouvir aos mandamentos de Deus. Quando estão atentos ao que acontece ao redor, para melhor discernir os tempos. Deus nos deu dois ouvidos pois sabia que há muito mais a se ouvir, antes de se emitir pela boca a palavra da sabedoria. Ouvindo e ouvindo com amor, nossos ouvidos fazem missão. (COLOCAR OUVIDOS)
Leitor 4: Isaías 6.8
Dirigente: Nossos olhos fazem missão quando veem a realidade e dela extraem a visão de Deus para o tempo presente. Quando oram de olhos abertos, sem se alienar do mundo ao redor. Quando transmitem esperança para os que procuram neles a cura para os males. Nossos olhos fazem missão quando são os olhos de Deus sobre a terra, procurando a ovelha perdida. Nossos olhos fazem missão quando percebem e enxergam o tempo de Deus. (OLHOS)
Leitor 5: João 4.35
Dirigente: Nossa mente e coração fazem missão quando planejam o que deve ser feito para alcançar as pessoas. Quando meditam na palavra procurando profundidade de vida e de pensamento. Quando se preocupam com o bem-estar e a vida plena do próximo. Nossa mente faz missão quando é a mente de Cristo, transformada e regenerada. Nosso coração faz missão quando se condói e se abre àquele que é carente da graça divina. Mente e coração são uma coisa só na missão, não há separação entre racionalidade e emoção. Ambas se integram para gerar saídas, abrir caminhos. Coração e mente fazem missão porque sinalizam o amor e a graça de Deus a todas as pessoas. (CORAÇÃO)
Leitor 6: 1 Coríntios 14.26
Dirigente: A espiritualidade da nossa vida não é algo isolado do nosso dia-a-dia. A maneira como nos portamos a todo o tempo testemunha a favor ou contra a missão de Cristo. Somos chamados a ser um corpo porque esta comparação nos fala de cooperação, integração, unidade, propósito... O corpo funciona porque não questiona a si mesmo, mas age a favor do membro que necessita naquele momento. A boca fala o que a mente pensa; as mãos fazem o que o restante do corpo requer... Nosso corpo faz missão. Que faça bem-feito. Que faça por inteiro, que faça de corpo e de alma! (COLOCAR O DESENHO DE UMA PESSOA POR INTEIRO)

Oração final

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como da água para o vinho (Salmo 66)


A capacidade humana de superação parece ser um dos atributos divinos inseridos por Deus em nós quando da criação. À Sua imagem e semelhança, nós também podemos transpor os problemas que nos afligem e nos tornamos vencedores. Todos os dias, vemos histórias de pessoas com problemas mentais e que fazem coisas extraordinárias, como tocar um instrumento musical dificílimo ou complexos problemas matemáticos. Pessoas que perderam um membro do corpo ou nunca o tiveram e tocam instrumentos musicais.
Lembro-me do músico Tony Melendez, que nasceu sem os braços e toca violão maravilhosamente. Ou do vídeo que recebi, contendo a história de uma mulher que, igualmente desprovida de braços, ia ao supermercado, cuidava do bebê e fazia ginástica na academia, como outra pessoa qualquer. Sim, somos capazes de vencer os obstáculos, de passar da água para o vinho, como na memória das bodas de Caná. Da falta à abundância, da perda ao ganho. Esta também foi a experiência rememorada pelo povo no salmo 66.
O salmo inicia com uma exaltação a Deus por suas obras, fazendo até mesmo alguma ironia. Segundo o versículo 3, até os inimigos de Deus o bajulam (ou literalmente, como diz a Bíblia de Jerusalém, mentem a ti). Não são capazes de assumir sua oposição por causa da muita grandeza divina. Diante deste cenário de deslumbramento, que envolve a natureza, os inimigos e o povo que louva, o salmista faz um convite: “Venham ver os atos de Deus” (v. 5).

A contemplação de Deus como caminho da superação
No versículo 6, o salmista relembra a travessia do Mar Vermelho e do Rio Jordão.                                          Os judeus atravessaram o rio a pé, devido à abertura das águas. A memória salvífica de Deus, isto é, a recordação dos seus feitos do passado é um dos instrumentos que o povo de Deus sempre utilizou para enfrentar os problemas do presente. É uma rocha antiga em meio à tempestade atual. Somos incentivados/as, tanto neste salmo quanto em outros, a resgatar o que Deus tem feito em nossa vida.
Nossa tendência frente a um momento difícil, em geral, é perguntar: “Por que isso aconteceu comigo?” Assumimos imediatamente o lugar de vítimas na história e, por conta disso, muita gente se perde na autocomiseração, na autopiedade. O povo de Deus também se perguntava pela razão dos acontecimentos difíceis. Eles poderiam tanto ser resultado do acaso quanto consequência de algum pecado pessoal ou social. Ou ainda, uma ação de inimigos, mormente quando se tratava de uma invasão ou guerra. O povo refletia sobre as causas dos problemas com vistas a tomar a postura mais adequada, mas, acima de tudo, confiava na ação de Deus na história, pois dela já fora testemunha no passado.
O que Deus tem feito em nossas vidas? O que ainda fará no futuro? Esta confiança deve nos ajudar nos momentos em que nos sentimos incapazes de superar um problema que nos aflige. Devemos contemplar o Senhor, suas obras, sua Palavra, seus feitos, sua memória viva em nossa história. Olhar para Deus nos lembra de que, não importa a origem ou causa de nossa aflição, o final último de nossa vida está em Deus e em suas promessas de aliança e resgate.

A dureza das provações e a alegria da vitória
Nos versículos 10-12, o autor rememora uma série de dificuldades pelas quais o povo passou, recordando, possivelmente, da história do Egito e de outros momentos de opressão. São termos de falam da dureza daqueles instantes da vida: depurados como prata (passados pelo fogo); armadilhas... A Bíblia TEB traduz o v. 11 como “puseste nossos rins num torno”!
Também nós temos experimentado em nossas vidas momentos em que nos sentimos sob a pressão das circunstâncias. Pessoas perversas dominam sobre nós ou interferem na nossa vida de modo destrutivo. Somos acometidos/as por enfermidades ou problemas financeiros alheios a nosso agir ou vontade. Entendendo que Deus era Senhor de todas as coisas, o povo lhe atribuía, no Antigo Testamento, tanto o bem quanto o mal que lhe sobrevinham. Por isso, lhe dirigiam orações pedindo por livramento ou para que Deus “mudasse o rosto de sobre eles”.
Apesar disso, entendiam o final dos tormentos como uma oportunidade de vibração, festa e alegria: “finalmente, nos fizeste sair para um banquete”... Esta experiência nos mostra que a verdadeira superação não é ser liberto dos problemas, mas sentir-se livre deles. Sim, de fato, muita gente já não está debaixo do jugo do passado, mas vive como se estivesse. Relembra e se amargura. Rememora e sofre. O povo de Deus não fazia este caminho. Toda a memória de dor do passado só fazia aumentar o sentimento de liberdade do presente. Esta é uma preciosa lição para nós, nos dias de hoje. Jesus, de certo modo, orienta o mesmo quando nos convida a chorar com quem chora e alegrar-se com quem se alegra. A viver o momento como se apresenta e não se deixar prender nem pela tristeza do que foi nem pela angústia do que pode vir a ser. Neste mundo, tristeza e alegria alternam-se em nossa jornada. Mas a única que pode nos dominar é a alegria, uma vez que a “alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10).

O equilíbrio da maturidade (Salmo 39)


Sempre apreciei, de modo particular, este salmo, especialmente o verso 7. Para mim, contudo, a totalidade deste salmo é sobre a maturidade. Não em questão de idade, me parece, mas em termos de conduta. Às vezes, não sabemos como agir em certas situações que nos afligem. Temos algumas posturas que não condizem com o que Deus espera de nós. Encontrar o equilíbrio diante de tudo isso é o desafio que o salmo nos convida a encarar: como viver a vida de modo a testemunhar o nome e poder do Senhor?
Maturidade é ter a coragem de falar o que precisa ser dito (v.1-3)
“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.” (Martin Luther King)
Não sei se você conhece os textos de um autor chamado Bertold Brecht, mas ele fala muito acerca dos posicionamentos políticos das pessoas. Ele chama o silêncio por muitos nomes duros e critica a omissão de seus contemporâneos, apontando as consequências danosas, que começam pelo amigo, pelo vizinho, até que atingem a própria pessoa.
O salmista vive esta experiência. Ao ver os maus agindo, ele se cala. Tem receio de se envolver, de se comprometer, de “dar a cara a tapa”. Muitos de nós somos assim. Vemos o erro e nos silenciamos. Ditados populares resguardam a violência: “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”; “Isso é briga de cachorro grande”; ou a famosa frase em inglês: “It isn’t your business!” (Não é problema seu!). Calados, vemos o mundo se afundar na maldade e na impunidade. Encontrei a famosa frase de Martin Luther King fora de contexto, solta na internet, mas ela bem poderia ser um comentário aos versículos introdutórios deste salmo...
“Para não correr o risco de pecar”, eu me calo diante do ímpio. A desculpa parece santa, mas é, de fato, omissa. Tanto que a dor se agrava, o coração fica em brasas, o fogo arde (v. 2-3). Esta é a experiência de Jeremias também, como profeta de Deus (confira em Jeremias 4.19). Quando a maldade impera ao redor, aquele que ouve a voz de Deus em seu coração não pode se omitir. É falta de maturidade espiritual ficar calado quando o mundo precisa e a situação exige uma voz profética... Como orou o bispo Ralph Spaulding Cushman: “Inflama-nos, Senhor, sacode-nos, nós te suplicamos! Enquanto o mundo perece, nós, indiferentes, seguimos o nosso caminho, sem rumo, sem paixão, dia após dia. Inflama-nos, Senhor, sacode-nos, nós te suplicamos!”
Maturidade é reconhecer sua humanidade (v. 4.7)
"O autoesvaziamento prepara o transbordamento espiritual." (Richard Sibbes)
Eu sempre fiquei intrigada com a história dos ciclopes, aqueles personagens da mitologia grega que só tinham um grande olho no meio da testa. Diz a narrativa que isso aconteceu porque, querendo saber o futuro, eles deram a um mágico enganador um de seus olhos. Mas a única habilidade de ver o futuro, dada pelo mágico, era decepcionante. Eles nasciam sabendo o dia em que iam morrer... Esta história nos traz a mesma mensagem de Gênesis 1-3: querendo ser deuses, almejando ser mais do que são, os seres humanos somente encontram a morte. Não é à toa que a maioria das mortes hoje no Brasil acontece entre os jovens: se embebedam, se drogam, dirigem loucamente, se expõe a perigos, confiam demais em si mesmos... Porque quando somos jovens, nos sentimos tão cheios de vida que parece que nada vai nos acontecer. Algo muda quando amadurecemos. Posso lhe dar um exemplo pessoal: agora que tenho duas filhas pequenas, cultivo certo temor por minha vida. A responsabilidade de cuidar de mim mesma aumentou, porque já não sou apenas eu...
O salmista quer reconhecer sua fragilidade diante de Deus: sua vida mede apenas alguns palmos, não significa nada diante de Deus. Por isso mesmo, não adianta achar-se invulnerável, pois reconhecer-se frágil é entender que a vida é um grande tesouro a ser preservado, cuidado... Não pode ser consumido por banalidades! A maturidade espiritual nos leva a dar valor ao que é importante. Por que corremos tanto, nos adoecemos física e emocionalmente, trocamos pessoas por coisas, corremos atrás do vento, se tudo passa tão depressa? Diante da morte, muita gente revê sua vida e chega à conclusão de que faria muita coisa diferente. Por que, porém, esperar? A Palavra nos desafia a rever nossa história hoje mesmo, a amadurecer, a buscar o que é realmente valioso.
Maturidade é depender de Deus (v.8-13)
“Por muito tempo meu espírito aprisionado, permaneceu nos grilhões das trevas e do pecado. Até que de teu olhar veio o raio vivificador. E despertei, meu calabouço em pleno fulgor. Os grilhões se romperam, meu espírito foi liberto. Levantei-me e passei a seguir-te de perto. (João Wesley)
Quando reconhece sua humanidade, o salmista abre, de fato, seu coração a Deus. Expõe seus problemas por meio de expressões como: minhas iniquidades, estou consumido, grito por socorro, minhas lágrimas... Ele se percebe como forasteiro na terra, sem nada de permanente (v.12). Reconhece que o olhar da santidade de Deus manifesta todos os seus pecados e, por isso, pode consumi-lo... e clama por misericórdia!
Cristãos maduros colocam-se no altar da santificação, negam a si mesmos, buscam os interesses de Deus. Não cultivam pecados habituais. Têm o temor genuíno de Deus em seus corações. O salmista agora novamente se cala, mas agora é diante de Deus, o qual não permite nenhuma autojustificação (v.9). Por sua vez, pede que Deus fale, que aja a seu favor, que não se emudeça, pois é de Deus que vem toda resposta definitiva às perguntas e questionamentos da vida (v.12).
Maturidade, então, nos ensina o salmista, é abrir a boca contra o pecado, é conhecer a si mesmo o suficiente para não se achar mais do que é... mas é, por fim, calar-se diante da única verdade incontestável e imutável, contra a qual toda ação humana fenece: a majestade de Deus!

Antigamente (Drummond)

Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.
As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entremente, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passava a manta e azulava, dando às de Vila-Diogo.
Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomavam cautela de não apanhar o sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano. Estes, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.
Havia os que tomavam chá em criança e, ao visitarem uma família da maior consideração, sabiam cuspir na escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente”. Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”; ao que o cumprimentado respondia: “Para sempre seja louvado”. E os eruditos, se alguém espirrava – sinal de defluxo – eram impelidos a exortar: Dominus tecum.
Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. É verdade que às vezes os meninos eram encapetados, e chegavam a pitar escondido atrás da igreja. As meninas não: verdadeiros cromos, umas teteias.
Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim-por-tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas.
Uns raros amarravam cachorros com linguiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um “cabrito”, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, traziam as novidades “de baixo”, ou seja, do Rio de Janeiro. Ele vinha dar uma prosa e deixar presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.
Acontecia o indivíduo apanhar uma constipação; ficando perrengue, mandava um próprio chamar o doutor e, depois, ia à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica.
Antigamente os sobrados tinham assombrações; os meninos, lombrigas; asthma, os gatos; os homens portavam ceroulas, botinas e capa de goma; a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London; não havia fotógrafos, mas retratistas e os cristãos não morriam: descansavam.
Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora.
(Carlos Drummond de Andrade, Quadrante 1. 4ª Edição, Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1966

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Grande Mistério - Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)


Há dias já que buscavam uma explicação para os odores esquisitos que vinham da sala de visitas. Primeiro houve um erro de interpretação: o quase imperceptível cheiro foi tomado como sendo de camarão. No dia em que as pessoas da casa notaram que a sala fedia, havia um soufflé de camarão para o jantar. Daí...
Mas comeu-se o camarão, que inclusive foi elogiado pelas visitas, jogaram as sobras na lata do lixo e — coisa estranha — no dia seguinte a sala cheirava pior.
Talvez alguém não gostasse de camarão e, por cerimônia, embora isso não se use, jogasse a sua porção debaixo da mesa. Ventilada a hipótese, os empregados espiaram e encontraram apenas um pedaço de pão e uma boneca de perna quebrada, que Giselinha esquecera ali. E como ambos os achados eram inodoros, o mistério persistiu.
Os patrões chamaram a arrumadeira às falas. Que era um absurdo, que não podia continuar, que isso, que aquilo. Tachada de desleixada, a arrumadeira caprichou na limpeza. Varreu tudo, espanou, esfregou e... nada. Vinte e quatro horas depois, a coisa continuava. Se modificação houvera, fora para um cheiro mais ativo.
À noite, quando o dono da casa chegou, passou uma espinafração geral e, vitima da leitura dos jornais, que folheara no lotação, chegou até a citar a Constituição na defesa de seus interesses.
— Se eu pago empregadas para lavar, passar, limpar, cozinhar, arrumar e ama-secar, tenho o direito de exigir alguma coisa. Não pretendo que a sala de visitas seja um jasmineiro, mas feder também não. Ou sai o cheiro ou saem os empregados.
Reunida na cozinha, a criadagem confabulava. Os debates eram apaixonados, mas num ponto todos concordavam: ninguém tinha culpa. A sala estava um brinco; dava até gosto ver. Mas ver, somente, porque o cheiro era de morte.
Então alguém propôs encerar. Quem sabe uma passada de cera no assoalho não iria melhorar a situação?
--  Isso mesmo — aprovou a maioria, satisfeita por ter encontrado uma fórmula capaz de combater o mal que ameaçava seu salário.
Pela manhã, ainda ninguém se levantara, e já a copeira e o chofer enceravam sofregamente, a quatro mãos. Quando os patrões desceram para o café, o assoalho brilhava. O cheiro da cera predominava, mas o misterioso odor, que há dias intrigava a todos, persistia, a uma respirada mais forte.
Apenas uma questão de tempo. Com o passar das horas, o cheiro da cera — como era normal — diminuía, enquanto o outro, o misterioso — estranhamente, aumentava. Pouco a pouco reinaria novamente, para desespero geral de empregados e empregadores.
A patroa, enfim, contrariando os seus hábitos, tomou uma atitude: desceu do alto do seu grã-finismo com as armas de que dispunha, e com tal espírito de sacrifício que resolveu gastar os seus perfumes. Quando ela anunciou que derramaria perfume francês no tapete, a arrumadeira comentou com a copeira:
-  Madame apelou para a ignorância.
E salpicada que foi, a sala recendeu. A sorte estava lançada. Madame esbanjou suas essências com uma altivez digna de uma rainha a caminho do cadafalso. Seria o prestigio e a experiência de Carven, Patou, Fath, Schiaparelli, Balenciaga, Piguet e outros menores, contra a ignóbil catinga.
Na hora do jantar a alegria era geral. Nas restavam dúvidas de que o cheiro enjoativo daquele coquetel de perfumes era impróprio para uma sala de visitas, mas ninguém poderia deixar de concordar que aquele era preferível ao outro, finalmente vencido.
Mas eis que o patrão, a horas mortas, acordou com sede. Levantou-se cauteloso, para não acordar ninguém, e desceu as escadas, rumo à geladeira. Ia ainda a meio caminho quando sentiu que o exército de perfumistas franceses fora derrotado. O barulho que fez daria para acordar um quarteirão, quanto mais os da casa, os pobres moradores daquela casa, despertados violentamente, e que não precisavam perguntar nada para perceberem o que se passava. Bastou respirar.
Hoje pela manhã, finalmente, após buscas desesperadas, uma das empregadas localizou o cheiro. Estava dentro de uma jarra, uma bela jarra, orgulho da família, pois tratava-se de peça raríssima, da dinastia Ming.
Apertada pelo interrogatório paterno Giselinha confessou-se culpada e, na inocência dos seus 3 anos, prometeu não fazer mais.
Não fazer mais na jarra, é lógico.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Refletindo... Alanis Morissette


Não sou muito ligada em música, nem evangélica, pra dizer a verdade. Mas estive lendo umas letras da Alanis Morissette e sabe que achei muito legal o que ela canta? Veja a letra e tradução abaixo e me diga se não é algo que faz pensar...


Incomplete

One day I'll find relief
I'll be arrived
And I'll be a friend to my friends
Who know how to be friends

One day I'll be at peace
I'll be enlightened
And I'll be married with children
And maybe adopt

One day I will be healed
I will gather my wounds
Forge the end of tragic comedy

I have been running so sweaty my whole life
Urgent for a finish line
And I have been missing the rapture this whole time
Of being forever incomplete

One day my mind will retreat
And I'll know God
And I'll be constantly one
With her night dusk and day

One day I'll be secure
Like the women I see
On their 30th anniversaries

I have been running so sweaty my whole life
Urgent for a finish line
And I have been missing the rapture this whole time
Of being forever incomplete

Ever unfolding
Ever expanding
Ever adventurous
And torturous
But never done

One day I will speak freely
I'll be less afraid
And measured outside of my poems
And lyrics and art

One day I will be faith-filled
I'll be trusting and spacious
Authentic and grounded
And whole

I have been running so sweaty my whole life
Urgent for a finish line
And I have been missing the rapture this whole time
Of being forever incomplete.

Incompleta

Um dia eu encontrarei alívio
Eu estarei atingida
E eu serei amiga dos meus amigos
que sabem como serem amigos

Um dia eu estarei em paz
Eu estarei esclarecida
E eu estarei casada, com crianças
e talvez adotadas

Um dia eu estarei curada
Eu colherei meus ferimentos
forjando o fim de uma trágica comédia

Eu estive correndo tão suada em toda a minha vida
Urgente por uma linha final
E eu tenho sentido saudades do enlevo todo esse tempo
Por ser para sempre incompleta

Um dia, minha mente irá regressar,
E eu conhecerei Deus
E eu serei constantemente aquela
com sua noturna penumbra e dia

Um dia eu estarei segura,
igual às mulheres que eu vejo
em seus trigésimos aniversários

Eu estive correndo tão suada em toda a minha vida
Urgente por uma linha final
E eu tenho sentido saudades do enlevo todo esse tempo
Por ser para sempre incompleta

Sempre germinando
Sempre expandindo
Sempre aventurosa
E tortuosa
Mas nunca feita

Um dia, Eu falarei livremente
Eu estarei com menos medo
E uniforme fora dos meus poemas
E letras e artes

Um dia eu estarei cheia de fé
Eu estarei confiando e vastamente
autêntica e estabilizada
e inteira

Eu estive correndo tão suada em toda a minha vida
Urgente por uma linha final
E eu tenho sentido saudades do enlevo todo esse tempo
Por ser para sempre incompleta
(Tradução do letras.terra.com.br)

O povo do coração aquecido

“O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17, Habacuque 2:4, Gálatas 3:11, Hebreus 10.38) Uma experiência de mais de um dia John Wesley era um jov...